quem tudo quer, tudo perde. não diria tudo, mas pelo menos parte. ou tem que perder. ou não tem que, mas deve. porque não irá desfrutar o que tem plenamente. quão mais fácil seria, na dúvida, meter tudo no saco e levar para casa. e, na dúvida ainda de por onde começar, manter tudo no saco e saber que temos aquilo, que temos tudo para ser felizes.
mas não, dão-nos simplesmente a hipótese de que fazer escolhas: se queremos o cornetto de morango, o magnum caramelo ou o perna de pau. ou o epá, porque oh menina de momento é o que temos. e sendo o único hesitamos. esperamos, não esperamos. hesitamos enquanto o gelado derrete e se encaminha para o fim da validade.
podemos sim, escolhê-los a todos, quando os há, mas o provável é que a experiência de prazer imaginada se transforme numa tremenda dor de barriga com consequências de dia seguinte. isto quando os podemos escolher a todos, como se pudéssemos estar em todo o lado, ter e viver tudo, tudo ao mesmo tempo.
(não somos omnipotentes,
não somos omipresentes.
no máximo, somos omnívoros. e ainda assim
quando queremos muito
temos que comer a peça à vez.)