sexta-feira, novembro 26, 2010

greve (III)


a luta é a força maior.

mas
qual, a externa ou a interna?




(minuto 8:27) a luta de um pai pelo sonho de um filho.

(como é que se mede a grandeza das lutas?)


greve (II)


strike, é a palavra inglesa para greve. e para luta.

na passada quarta-feira os trabalhadores (não) saíram para a rua. homens e mulheres apostaram na ausência para se manifestarem. e de que vale isto, pergunto?

tenho uma bolsa de estudo, não tenho futuro garantido, não acredito naqueles que me governam, não sei governar um país. quero um emprego, quero um futuro como o sonhei, quero acreditar nos soberanos. só não quero governar o país.
tenho dinheiro para comer, para comprar roupa, para viajar. tenho uma casa. mas depois há os outros, os que não sabem se haverá dinheiro ao fim do mês; os que têm os filhos e não sabem se lhes poderão continuar a pagar os estudos. quem sabe a comida. e o quente da casa.
pedem-me dinheiro na rua, é para ajudar, senhora. ajudar os outros. ajudemo-nos uns aos outros, nós o Governo, o Governo a nós. mas olho as pessoas nos olhos e não sei se me querem o dinheiro porque têm fome, se me dizem a verdade, se o querem para sonhar acordados nos 5 minutos em que a veia ferve. ou se é para andarem de um lado para o outro em classe exclusiva a apertar a mão a negócios opacos. quer o Governo ajuda? não sei se quer. e o povo, quer o quê?
eu estudo-trbalho. só não sei é o que sou. nem para onde vou. mas, hoje, também não sei se alguém sabe.
é para investir na Educação? quer-se o povo letrado? para quê, para pensar? pensar que os brindes que lhe dão têm um preço?, que o que nos dão nos será tirado de outra forma?, que o que nós não damos também não retorna?, que os impostos são para ser pagos? eu não pago impostos. mas também não tenho futuro. e tu que pagas impostos, tens? Não sei se querem investir na Educação.

não investem na Educação. e a torneira fica aberta, a luz fica acesa, mas(!) vem o plasma cá para casa. só não há é comida na mesa.
há dinheiro para o TGV, há dinheiro para as classes conforto, só não há para o Metro da Lousã. há dinheiro pra as empresas que estudam o Metro da Lousã, para tirar as linhas féreas e colocar autocarros. há dinheiro para os satélites humanos que gravitam em torno do Metro-Sol. só não há é para acabar o raio do Metro.
há dinheiro para pagar a quem opina, só não há é quem entre num autocarro e gravite nas curvas da serra, com o estômago a gravitar também. não há quem nos calce os sapatos. os meus até eram capazes de servir, mas há quem os tenha apertados para a magreza que tem.
e há dinheiro para os blindados dos senhores importantes. só não há para os salários dos trabalhadores. não há futuro. certo, se calhar nem incerto. não há.

mas quando é que a vida foi certa? ou fácil? quando é que tivemos o futuro garantido?
quando é que estivemos nós satisfeitos?!

luta, luta, todos os dias caramba. basta
tudo isto, basta.

(sei lá como lutar.)


'estás no caminho para te tornares uma má pessoa.'


a arrogância, crepita na língua, na pose, e desarma. (quem?)
talvez os genes sejam a desculpa. talvez. talvez até venha nos genes, agora que há um gene para tudo, mas no fundo no fundo apenas nos cansámos.

quando a arrogância ameaça a rotina, de estar sempre vergado, e (zás!) sobe pela espinha acima, e é o arrepio contínuo e pesado que a endireita, impedindo-a que vergue. outra vez.

e leva dá luta chuta pá tira arremessa. mas depois cessa. repentinamente. e caímos nós, pás, desamparados. mas se ela nunca nos deixaria vergar, tinha-se acabado o outra vez.

(acabamos tão-somente vergados por ela) e caímos. somos arrastados pelo vento longos metros, suficientes para esfolar a pele e o amor-próprio. depois, trémulos ainda, erguemo-nos. e ergue-se ela connosco. sujos feridos desgrenhados, berramos como se mais pulmões tivessemos. como quem perdeu a guerra mas não as múltiplas batalhas. (ou então perdeu as batalhas mas a guerra não acaba nunca.)

e então raspam na garganta com gosto acre as palavras 'Geou que não geasse, eu cá estou debaixo da minha vidraça'. e ficamos nós, eu e ela, a tiritar.

(por estes dias, cala-me só o vento quando me estala forte na face. e tu, quando me estalas os ouvidos com palavras injustas.
(zás!) que interessa, gosto das estaladas, sabem-me a beijos.)


sexta-feira, novembro 19, 2010

terça-feira, novembro 16, 2010

segunda-feira, novembro 15, 2010

vinculação


o ninho. enroscar-se nos recantos, no calor da carne, nas pregas da pele.
andar sobre o outro, outro corpo, achar-lhe os espaços, encontrar o espaço.


(tenho 26 anos, que sei eu da vida, do casamento, das rotinas, das dificuldades, enfim, dessa vinculação a que se chama afecto ao fim de 30, 35, 50 anos? - ou dessa vinculação-que-se-chama-hábito? - que sei eu da diferença das coisas, do que é amor, do que não é. do que é rotina, trabalho, do que é paixão. do que é coisa-sem-nome por mais que lhe queiramos dar um. estou ainda na confusão das coisas, envolta no nevoeiro infindo de uma cabeça desassossegada. mas

e a vontade? e a vontade? visceral. no âmago das coisas. não interessa onde se está: o que interessa é onde se quer estar. que interessa o nome se o espaço onde passamos a querer estar é o corpo do outro. sob o abraço, no aconchego.

pensar que se perdemos isso, perdemo-nos também. que - ai jesus! - falta-se-nos o chão. que sem ele, passamos a estar definitivamente além, sem estar bem em lado nenhum. porque o outro é o ninho. e é um ninho daqueles que por mais que cresçamos não nos queremos despojar.)


há-as para dançar, para fazer rir, chorar, enraivecer, enternecer, arrepiar. até para se apaixonar. e para dar mote ao depois.

sexta-feira, novembro 12, 2010

não é à toa que se diz que há uma idade para as coisas. depois disso, sabe a ranço sem ter fritado grande coisa.


há as fases da vida, e depois há as fases da não-vida.
uma delas é a da mosquinha morta.


(lembro-me daquela professora e do que nos disse, que mais valia uma criança rebelde do que uma criança indiferente às coisas. porque a rebelde ao menos esperneava.)


o problema é se não é só uma fase. mas uma face.


terça-feira, novembro 09, 2010

onde é que começa o mundo?


ganham na mtv as stars da pop. critica-se que na mtv ganhem as stars da pop. porque ganham na mtv as stars da pop, o povo ama as stars da pop. o povo ama as stars da pop que aparecem na mtv. porque o povo ama as stars da pop que aparecem na mtv, as stars da pop ganham. na mtv.
e se aparecessem na mtv as non-stars da indie? ganhavam na mtv as non-stars da indie?
e o povo? o povo amava indie non pretentious music?

(quem raio precisa da mtv,
o povo continua a ser uma criança.)


segunda-feira, novembro 08, 2010

novas velhas estratégias





"Será que ele veio para salvar... ou destruir o mundo?".

hem? andamos com as perguntas ao lado.
qual quê!, ele veio foi para dar o privilégio a alguns de não pagarem o IVA.


terça-feira, novembro 02, 2010

who am I



mirror, mirror on the wall...
what do you see?


(somos o que os outros vêem que somos? ou o que nós vemos também? ou talvez... algo no meio? ou nada disso afinal? difícil definir a identidade quando se anda à procura dela. ou talvez, quando já se encontrou mas não se quer ver.)


i think i know the answer.