sexta-feira, novembro 26, 2010

'estás no caminho para te tornares uma má pessoa.'


a arrogância, crepita na língua, na pose, e desarma. (quem?)
talvez os genes sejam a desculpa. talvez. talvez até venha nos genes, agora que há um gene para tudo, mas no fundo no fundo apenas nos cansámos.

quando a arrogância ameaça a rotina, de estar sempre vergado, e (zás!) sobe pela espinha acima, e é o arrepio contínuo e pesado que a endireita, impedindo-a que vergue. outra vez.

e leva dá luta chuta pá tira arremessa. mas depois cessa. repentinamente. e caímos nós, pás, desamparados. mas se ela nunca nos deixaria vergar, tinha-se acabado o outra vez.

(acabamos tão-somente vergados por ela) e caímos. somos arrastados pelo vento longos metros, suficientes para esfolar a pele e o amor-próprio. depois, trémulos ainda, erguemo-nos. e ergue-se ela connosco. sujos feridos desgrenhados, berramos como se mais pulmões tivessemos. como quem perdeu a guerra mas não as múltiplas batalhas. (ou então perdeu as batalhas mas a guerra não acaba nunca.)

e então raspam na garganta com gosto acre as palavras 'Geou que não geasse, eu cá estou debaixo da minha vidraça'. e ficamos nós, eu e ela, a tiritar.

(por estes dias, cala-me só o vento quando me estala forte na face. e tu, quando me estalas os ouvidos com palavras injustas.
(zás!) que interessa, gosto das estaladas, sabem-me a beijos.)


2 comentários:

Windtalker disse...

Bonito...!

menina de porcelana disse...

obrigada. :)
talvez o sentimento é que não seja tão bonito quanto isso. mas, enfim, serve a função. porque isto de nos mantermos vivos não tem nada que ver com as regras da beleza. :|