sexta-feira, novembro 28, 2008

Fractal




















(há dias em que as palavras saem feias. e depois batem e ressoam.)



quarta-feira, novembro 26, 2008

Mas temos sempre o canivete.



















Quando era mais pequena e ainda não tinha conhecimento das coisas, sentava-me no sofá já gasto e, naquela hora da fome, devorávamos o MacGyver munido de um canivete suíço e de uma cabecinha prodigiosa a escapar de qualquer entrapment. E devo dizer que lhe devo a ele o meu primeiro contacto (positivo) com a Física. Ali, naquele contexto natural, os conhecimentos “elementares” daquele herói faziam-me sonhar acerca daquela ciência ágil e lógica. E pensava: Quando for grande quero ser fisicista!

Depois, descobri que a Física é uma cambada de vectores, leis, movimentos, constantes, forças, velocidades, intensidades, energias, resistências, massas, pesos, cargas, e outros afins (acabei de despejar aqui o livro de Físico-Química do 10º ano). E que implica trabalho, muito! E, pronto – desilusão –, lá se foi o amor pela Física.

(espero que um dia destes, quando voltar à prática, volte a descobrir a paixão. parece-me a mim que as grandezas numéricas são muito mais certas que as particulares pessoas. pena é que não sejam mais fáceis de interpretar.)

sexta-feira, novembro 21, 2008

Nota do rodapé


a partir de hoje assinarei com outro nome.

para além de andar a pensar que the painter é realmente um "foleirismo" quase à moda do para inglês ler,
aparece-me assim a letras bem carregadas na fronte que, mais do que para pinturas, jeito jeito

é a minha propensão natural para quebras.

quinta-feira, novembro 20, 2008

Esgotamentos




















Os problemas, as pressões, as preocupações, o trabalho. A vida.
Sugam-nos até ao tutano.
E, depois largam-nos assim, esgotados.

quarta-feira, novembro 19, 2008

Unser täglich brot (Nosso pão quotidiano)


Andamos a produzir em massa
desprovidos já de sensações.

Presos na rotina da necessidade,
estendemos o braço,
erguemos a tesoura
e, zás, cortamos o pulso às coisas.





















































































Morrem os outros Mas nós
tornámo-nos já indiferentes à passagem dos corpos.

Morrem os outros. e porque razão?

razão? não. só para, no final, estendermos o braço,
e termos o mundo à mão.

(quando estamos tão imbuídos dela, como o ar que se respira, pergunto-me como poderemos nós quebrar esta rotina?)

terça-feira, novembro 18, 2008

Rewind after seeing.


[conteúdo potencialmente capaz de dar perspectivas de interpretação. Ou, Ignore before seeing the movie.]

Existe um pequeno ponto na linha do tempo em que, defrontados com duas opções, temos que escolher uma. Podemos adiar a decisão, mas esse ponto na linha mantém-se, e aguarda-nos até ao instante em que fazemos a escolha. Depois, as peças caiem, uma após a outra, numa sucessão contínua de acontecimentos. E não há retorno.

Pensar que tudo começa nas funções cerebrais de um homem que subitamente se torna inútil, e decide escrever as memoirs. E que, depois das voltas, não pode acabar com a supressão daquelas funções. Que há todo um processo que se inicia quando fazemos a borboleta bater as asas. E que não há volta depois do sopro.

Pensar que não somos maus nem bons. Que às vezes somos apenas cegos. Que ruminamos Mas tu não vês? És Linda! Mas, de facto, não vemos. Porque por dentro somos um caco.

Pensar que os inocentes morrem, não porque são inocentes e se descuidam, mas porque a vida é cheia de coincidências e de acasos sobre os quais, uma vez começado o jogo, perdemos o controlo. Que a morte está só à espera que queiramos viver. Que está só à espera que vivamos, só à espera que aconteçamos.

Que somos bichos de rotinas. Pensamos que temos o controlo e depois, zás. Caímos estatelados, trucidados pela traição. Porque somos cegos, sim cegos, e vemos o que queremos ver. Hiper-vemos até!, menos o que está mesmo à nossa frente.

Que pensamos que nos baseamos na racionalidade para tomar decisões e fazer escolhas, mas, não, afinal escolhemos somente ao sabor da necessidade. Do impulso para.

Que, no fundo, não somos homens, somos apenas idiotas.

terça-feira, novembro 11, 2008

Abrázame



















(Festival dos Abrazos, Santiago de Compostela, Agosto 2008)



Eu também se pudesse andava por aí aos abraços a toda a gente. E contornava os seus limites com força desmedida.

mas, depois,
há a incontornável questão
do espaço pessoal.

e mais que isso,
o terminante motivo
da higiene.

(anda por aí muita gente desconfortável com a fraqueza última dos homens: o afecto.)

quinta-feira, novembro 06, 2008

Grão a grão esvazia a galinha o papo


Andam por aí aqueles casos de famílias à beira de um ataque de nervos (entenda-se, falidas) que, ao que tudo indica, se tornaram vítimas das assumpções deste nosso sistema económico. No entanto, vai-se a ver e até recebem um Rendimento Social de Inserção (o famosinho RSI), mas vai-se a ver também e gastam-no é todo em pequenos-almoços entusiásticos nas pastelarias da Baixa. Ou da esquina ou lá onde for. Nem seria muito, é só o pequeno almoço, sou só eu, mais a minha mulher, e a minha miúda que até merece um bolito, e o meu miúdo, e a avó, que não vai ficar em casa, e a tia, o tio e o cão.

E, migalhinha aqui migalhinha ali, chega-se ao final do mês a virar os bolsos do avesso e a pregar a maior peta à assistente social que não é burra nenhuma mas que também não tem forma de não entrar no jogo. Mas adiante. O que se acaba por se perceber é que esta gente em quem se investe, esta gente que se queixa, que solicita e que se encosta, nunca vai retornar o investimento. E porquê? Porque lhes está nos genes, porque lhes corre nas veias. E o quê? A incapacidade de gestão, o jeito-para-estourar-dinheiro. Isto é, estamos perante casos crónicos de ineficiência administrativa.

Ora eu, depois de me darem estas dicas, descubro aqui um modelo de falência para o meu caso. É que vou dando o sorriso ao desbarato, esticando o labiozito aqui e ali, a pensar que vai dar para tudo. E, quando quero dar uma gargalhada bem dada, já não tenho energia para isso.

(sei que já o disse uma vez mas, de facto, não me conseguir rir de coisas-normais-para-rir faz-me sentir velha. o que agora percebi é que não deve ser isso. não! é, simplesmente, um caso crónico de ineficiência energética.)

quarta-feira, novembro 05, 2008

a letra B


Se o candidato democrata se chamasse Osama, de certeza que não tinha ganho as eleições. É que os americanos levam tudo demasiado à letra.

segunda-feira, novembro 03, 2008

Nuas


O que interessa não é como parecem vestidas.
O que interessa é o que são despidas.

(as políticas e as palavras, quero dizer. mas o resto também.)

(a algumas horas das eleições nos EUA, penso sobre isto. que o que eu gostava mesmo, depois dos votos serem manipulados, colocados, contados e divulgados, que o que eu gostava mesmo mesmo mesmo era de ver o novo presidente [a] nu.)