quinta-feira, abril 25, 2013

conquista



   
- Eu disse-lhes: «já estou farto. soltem-me, se não mato alguém e mato-me em seguida...».
Depois disso, puseram-me em liberdade.
- E o Teo Manzin? escreve versos?
- Escreve. Não posso compreender - disse ele, abanando a cabeça. - ele é um canário ou quê? puseram-no na gaiola e ele canta.
         

    (A Mãe, 1907, Máximo Gorki (Максим Горький))

segunda-feira, abril 22, 2013

reconciliação, Ou 'i said what i said but'.


não aguentei. ontem, passadas quatro semanas sobre o pedido de divórcio, fui vê-lo. estava à espera de uma agressividade irritada mas sem foco definido, de alguma atitude mais infantil, não sei, de um desleixo instalado, de um desespero corrosivo que o fizesse perder o rumo. mas não. 
bati de mansinho à porta - acho que não estava à espera de me ver - e surpreendeu-me: boa cara, fresca, com pose enérgica e vigorosa. a mostrar vontade de dar a volta por cima - bem melhor do que o supus. 

dei-lhe o beijo e saí. sentei-me na bancada. olhei os outros, olhei-o a ele, o jeito de pentear o cabelo, os movimentos, a forma como ajeitava as meias. olhei-o comparativamente a todos os outros. um pouco jovem talvez, pensei, mas confiante. e, pela primeira vez em muito tempo, senti uma faísca de paixão. como se o acender de uma labareda. acontecesse o que acontecesse, ia levar-te para casa depois. o rapaz lutou e foi bravo. mas a vontade não foi suficiente

fui vê-lo no fim. olhou-me com ar feroz, magoado e insatisfeito, mas sem dar o braço a torcer, e assim esteve durante algum tempo -  forte, intransponível, como um muro de pedra. depois, tremeram-se-lhe os joelhos, e desabou. 

então, estendi-lhe a mãozinha, e disse:
- anda cá amor, vem chorar no meu colinho.



(i'm yours, baby. é que, por mais que tente, nem há volta a dar-lhe.)


             

quinta-feira, abril 11, 2013

'The distance between insanity and genius is measured only by success'.





















Jardins da Gulbenkian, Lisboa. imagem, com entrevista, daqui    


"O arquitecto paisagista Gonçalo Ribeiro Telles foi esta quarta-feira distinguido com o Nobel da Arquitectura Paisagista, o Prémio Sir Geoffrey Jellicoe. (...) Gonçalo Ribeiro Telles (...) espera que chame a atenção para muitos dos problemas que o levaram a receber o prémio: "problemas que têm preenchido a minha vida e que eram entendidos como utopias.” Depois, ri-se, e diz que o prémio é uma “couraça”, uma defesa que lhe vai permitir continuar a dizer o mesmo, agora com reconhecimento internacional."

      

quinta-feira, abril 04, 2013

blasfémia. ou premonição?




"Condenadme, no importa, la historia me absolverá."

Fidel Castro, 16 de Outubro de 1953, Santiago de Cuba.


"Só a história julgará, com a objectividade e a distância temporal indispensáveis, a acção de cada um de nós."
Miguel Relvas, 4 de Abril de 2013, Lisboa.


(foi de propósito?!)


(a História. aquele pedaço de conhecimento factual feito por pessoas objectivas... exacto. não, a História nem sempre absolve. julga sim, à sua maneira: corrige, sublinha, esquece, acrescenta. às vezes revela, mas só o que lhe foi dado a ver. é mais ou menos como as leis: não se livra nunca dos erros de interpretação.)



when you call my name























it's like a little prayer.


(há qualquer coisa de estremecimento súbito, de exposição repentina, de nudez completa, quando me tratas pelo nome.)