terça-feira, janeiro 30, 2007

Nós Desconhecidos

Sou daquelas que acredita que se nos lembrássemos dos primeiros momentos da nossa vinda ao mundo, andávamos para aí ainda meio esgrouviados, só com o choque da primeira vez… Não que tivéssemos consciência das coisas, mas elas podiam marcar-nos cá dentro, sem que disso déssemos conta. ( - e então nunca mais quiséssemos enfiar a cabeça numa coisa daquelas!...).
Digo que se tivéssemos estruturas na altura com capacidade para reter aqueles momentos… o que seria de nós hoje! ;)

É fantástico talvez pensar que tanto do que vemos – ou vimos –, apesar de não lembrarmos, continua lá. E que pode em tanto influenciar o que somos e o que fazemos.
Não quero ser linear, nem dizer que somos determinados pelo meio. Não. O meio é construído por nós. A única coisas que distingo aqui é que essa construção pode ser tanto explícita e consciente, como implícita e inconsciente. Porque também temos um Eu que desconhecemos e que afinal até explica – mesmo sem sabermos direito… – porque reagimos assim daquela tal vez, ou porque chorámos naquela palavra, ou porque…
Dizem (queria dar uma referência, mas não fui exaustiva…) que a redundância é que dá sentido às coisas, e que a aprendizagem se faz sobre a repetição. Mas o mundo é tão vasto e é tanta a informação que nos persegue, que nem sempre conseguimos ter mão em tudo. E é então que entram em marcha os outros bichinhos… aqueles a quem nem pedimos ajuda, mas que nos guardam o guarda-chuva quando nem nos lembramos que o deixámos para trás.

A única coisa no meio disto… é que o que tem de bom, também pode ter de mau… e às vezes quem dá a chapada na amiga não foi o Eu que perdoou, mas aquele que guardou as coisas…

30.01.2007 15:40

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Ela canta, pobre ceifeira

Estou farta de me queixar!

E se eu simplesmente não pensasse?

Um conselho? (para mim ou para ti?)
“Go confidently in the direction of your dreams. Live the life you have imagined.” (Henry David Thoreau)

E é não pensar mais nisso.

12:53 11.01.2007

quinta-feira, janeiro 04, 2007

Mudanças

Como tudo na vida, o que custa é mudar. Depois é deixar ir no embalo.

E como Ano Novo, Vida Nova, talvez seja tempo de eu mudar também. Pelo menos a forma como olho para as coisas, ou a forma como olho para a forma como olho as coisas... ;)

Pelo menos, também mudar um pouco o formato do Blog... estou a pensar torná-lo mais... mais... mais... instrutivo??? Vamos a ver, vamos a ver! (como diz o meu primito David ;)* )

Bom Ano! :)

Febre

[O outro dia descobri um texto que lá tinha no meio da minha desarrumação... e lembrei-me como adorava aquela febre...]

Lembro-me do escuro à volta, e das fórmulas na frente, como se tudo fosse fácil e tivesse um só caminho. Ou muitos, mas definidos nos números finitos da matemática – até o infinito se encerra sobre si.
Lembro-me da cabeça a arder em febre e do teste no dia seguinte. E, ali, parecia que era só eu e aquele livro e aquela luz.
Quando tudo parecia fácil. Quando tudo era fácil e as coisas a aprender termináveis.

Não sei porquê, estudar com febre foi sempre um acaso favorito. Talvez porque aí o mundo parecesse tão circunscrito, e a vontade – de fazer outra coisa qualquer – pesada e distante. Então, enrolada sobre mim naquele sofá, eram equações e rectas e funções. E o mundo das pessoas consumia-se no calor da febre, no escuro da sala para além da luz.

Depois, a minha mãe chamava para jantar, e era pescada cozida com batata cenoura couve e azeite, e a luz branca daquela cozinha despertava para o lar que conhecia.

Agora já não há febre nem ardor. Só cansaço. Já não há peixe na cozinha à espera, nem a brancura de um lar onde somos crianças e tudo parece perfeito.

Há a distância de 35 minutos curtos e infindáveis para uma terra que nunca acolhi. E a distância que cresce nessa linha de ferro, nesses montes intermináveis e indiferentes.
Mamã, onde estás tu Mamã?... Quando te afasto e resmungo, somente porque me acometi à impaciência. Somente porque te adoro e não sei mostrar…

Queima-me esta febre, este egocentrismo, e esta desistência.
Queima-se o passado que não volta, mesmo quando agora a febre aparece...
pois já só é para consumir mais um pedaço de mim.

17:41 19:55
22 Outubro 2006