domingo, janeiro 29, 2012

florence is a machine.

foto daqui.



 
          
"And I'm damned if I do and I'm damned if I don't
So here's to drinks in the dark at the end of my road
And I'm ready to suffer and I'm ready to hope
It's a shot in the dark aimed right at my throat
Cause looking for heaven, found the devil in me
Looking for heaven, found the devil in me
Well what the hell I'm gonna let it happen to me
."*
       
           

*(Florence and The Machine, Shake it out. Album: Ceremonials)

quinta-feira, janeiro 26, 2012

mas pensas tu que temos sempre consciência dos actos?


pois digo-te eu que há pelo menos duas inconsciências. a alegre inconsciência da ceifeira, e a inconsciência perversa. a primeira vive em acção passiva, sem saber o sofrimento que pode causar nessa passividade, ou o sofrimento que poderia vir a causar a si própria se não fosse insconsciente das coisas que doem e apenas consciente do que precisa para viver.

a segunda vive na forma activa. é-se consciente até um ponto, o resto escapa-nos da mão poque é impossível compreender-se o que não se aprendeu, é difícil, impossível talvez, ver o que não fomos treinados para ver.

nem sequer temos consciência de exactamente quanta consciência temos. porque a consciência é relativa. enformada no que crescemos e no que cresceu em nós.

e se nós não vemos, como poderemos saber que não vemos?

não vendo, saberemos porque alguém nos dirá que é errado, que não se pode colocar filhos em máquinas de lavar e sentar-se calmamente num sofá.

mas é 'chamar-nos à razão' critério suficiente para que a atinjamos?
se eu te disser que deus existe, porque hás-de tu acreditar se não acreditas.


(a mente é resistente à mudança de estado. e quem diz estado diz perspectiva.)
         

quarta-feira, janeiro 25, 2012

paralela


eu estava a falar com a patrícia e aparece a andreia. a patrícia não gosta da andreia mas eu gosto das duas. a patrícia fala disto e daquilo mas subitamente, enquanto eu falo com a andreia, desvia a conversa. eu não gosto da andreia. e a andreia continua, falamos do tempo, das sobremesas, da festa de hoje à noite. a patrícia insiste, é uma vaca. eu digo-lhe que está enganada, a andreia é uma jóia de pessoa. que terá os seus defeitos, é certo, como todos temos, que há coisas de facto que eu não aguento muito bem. mas que espremendo a coisa, o sumo é docinho.
        
(é engraçado isto de estar a falar com duas pessoas ao mesmo tempo, e de elas permancerem surdas uma da outra. de estarem lado a lado, mas apenas em janelas de chat. de não se chegarem a ver, quanto mais a perceber o que diz uma e a outra. 
não há nada como olhos nos olhos. ouvidos nos ouvidos. e respirarmos todos do mesmo ar. e do mesmo calor humano.)
           
        
(maio 2011)

terça-feira, janeiro 24, 2012

pelo contrário

         

         
    
would it be easier?
not. harder, maybe.

but I'd be a better girl.
                  





sábado, janeiro 14, 2012

push the button

          
expliquem-me por favor por que meio infeliz as pessoas não puxam o autoclismo quando vão a uma casa de banho que se localiza fora das suas casinhas. é que já não é a primeira, nem a segunda, nem certamente será a última vez que vou a uma casa de banho [pública] e que me deparo com o espetáculo ao vivo e a cores na sanita perto de mim. quem nunca experienciou isto que dê um gritinho: a água amarela na melhor das hipóteses, a louça tingida de outra cor e substância na talvez pior (mas não meto limites: o ser humano é capaz de me surpreender).
e não compreendo, pronto, não compreendo. até é coisa para me ultrapassar: a incapacidade de se descarregar um autoclismo. um auto-clismo. nem é preciso encher um balde, erguê-lo e despejá-lo. não. tudo se resume a um simples botão que devemos premir. posto isto, soltar-se-á uma enxurrada de água para que tudo regresse à normalidade naquele local de higiene. um pequeno e simples botão. mais nada. mais simples que isso só se for por pensamento (a caminhar como estamos para o absoluto dolce far niente é coisa para se pretender. ou se pudesse ser automático sem que uma pessoa tivesse de se dar ao trabalho de pensar, ui ui!). 
eu já nem digo usar o piaçaba. não. ui senhor!, isso já seria exigir muito. seria exigir que uma pessoa se desse ao trabalho de limpar o que sujou. ui, não, deus nos livre de cometer tal esforço! mas o botãozinho, a acontecer tão perto de nós, e a implicar apenas que tenhamos em nós uma parte de corpo que encaixe nele, oh por favor.

posto isto, só me resta invocar The Chemical Brothers na sua educadora cançãozinha. ora escutem:

"Don't hold back...
Cause you woke up in the morning, with initiative to move, so why make it harder...
Don't hold back...
If you think about it, so many people do, be cool man, look smarter....
Don't hold back...
(...)
World, the time has come to...
Push the button...
World, the time has come to...
Push the button...
World, the time has come to...
Push the button...
World, my finger, is on the button...
My finger, is on the button...
My finger, is on the button...
Push the button...
"

take-home message (porque convêm sempre reforçar a ideia): from time to time, your finger should also be on the button.
                 
          

sexta-feira, janeiro 13, 2012

Lomba


"A introspecção leva à dúvida, não leva ao conhecimento."*  

é como na ciência. deixamos de ver, de perceber a coisa. cria-se a dúvida. gera-se a hipótese. mas depois é preciso testá-la.





*Pedro Lomba, Fonte - Diário de Notícias / 20050624


liberdade revisitada

           
"A complexidade da vida moderna significa que ninguém é dono da sua própria vida. A nossa vida pertence ao Estado, à empresa, ao partido, a inúmeras famílias e organizações por onde a nossa individualidade se distribui. O homem moderno sofre fatalmente de personalidade múltipla. Eleitor, militante, trabalhador, contribuinte, membro disto e daquilo, a sua natureza profunda consiste em representar vários papéis sociais e em ir cumprindo o que lhe pedem." 
Pedro Lomba, Tema - Homem Fonte: Diário de Notícias / 20081030
      
         
   

quarta-feira, janeiro 11, 2012

ou incapacidade de abstracção?

    
sempre me intrigou como é que aquilo que tanto criticamos nos outros, é exactamente aquilo que acabamos por fazer. e repetidamente.


(mas será que não temos um pingo de consciência? e de contenção de impulso? se calhar não. ocorreram-me agora os famosos erros de interpretação: não não, o que tu fazes está mal. já o que eu faço é diferente...)
   
    

terça-feira, janeiro 10, 2012

incapacidade de aprendizagem





 (a forma como ele olha para nós. e o que ele diz. fico abalada de pensar que depois de tantos anos, de tantas palavras para trás e para a frente, de tanta renovação de frentes e tanta aprendizagem escolar, ainda somos capazes de cometer os mesmos erros. e de tornar estes discursos sem época.)

           

quinta-feira, janeiro 05, 2012

usar o pé, ir a pedantes, esticar o pernil para o dobrar de seguida, exercitar a pernoca vírgula o pé vírgula e o resto.

          
ele
- queres boleia?
eu
- não, obrigada, prefiro ir a pé.
ele
- mas eu dou-te boleia!
eu
- está bem, mas eu prefiro ir a pé.
ele
- mas eu estou de carro e posso dar-te boleia.
eu
- está bem, agradeço, mas eu gosto de andar e prefiro ir a pé.
ele
- fogo, tu és chata!

...


(das duas uma: ou as pessoas não nos ouvem, o que não parece ser o caso, ou as pessoas não nos compreendem mesmo quando nos ouvem. a minha parca experiência de vida inclina-me pesadamente sobre esta última hipótese. e tenho pena. mais valia que não nos ouvissem e treinássemos somente o acto de audição. já treinar o de compreensão parece ser bem mais tramado.)
         
               

quarta-feira, janeiro 04, 2012

I have a goal





               
objectivo para 2012
mesmo quando as coisas doerem, e doerem muito, ao ponto de acharmos que não superamos o instante, ou a sequência de instantes, ou a sequência de sequências de carradas de instantes, manter a mente fixa no ponto adiante, 
porque é lá que queremos chegar.


(se não tivermos objectivos, seremos vencidos pelo que pede, suplica e manda o instante.)