quinta-feira, abril 14, 2011

Hulk (IV)

(cont.)

grito piso corro e discorro em mil e um pensamentos de mil e uma palavras de letrinhas de palavras esganiçadas,

arranco arranho puxo pulo. desgrenho-me. a mim e à mente que se retrai na consciência do que disse. magoo. a mim, a ti, a nós, com as mazelas da reflexão que vem depois, sempre depois, no infinitésimo segundo posterior. e extenuados, retraí-mo-nos.
e paramos.

à volta os despojos. um mundo ao contrário assente no descontrolo dos relógios rítmicos. dos relógios com palavras certas para as ocasiões certas, para isto e para aquilo, certo, para o que deviam ter sido feitas, nas quantidades mínimas e máximas, exactas, que preenchem o copo. mas que nunca o deveriam fazer transbordar.

ficamos nós, se é que ainda somos nós, nós a exalar o fumo da destruição. valeu a pena? nem tudo vale a pena.
sim, de que vale tudo isto, de que vale? mudaste acaso tu? mudei acaso eu? mudámos nós o mundo à volta da forma como as nossas visões incompatíveis o queriam irreversivelmente mudar? talvez. talvez não. trocámos matéria, pelo menos, gerámos anticorpos. enxuvalhámos a barreira, talvez. talvez não.
não sei. não sei mesmo, a saber de saber certo não sei. a não ser que levo o teu copo sempre cheio, e nunca sei onde meter a gota que o vai fazer transbordar.


(quando nos enraivecemos tornamo-nos verdes e feios. mas
no fundo, pior que isso é sermos segurados pelas costuras.)


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