quinta-feira, abril 14, 2011

Hulk (III)

(cont.)

mas eis que, piff paff, uma última letrinha, perdida ainda da frase, encontra o caminho e, FLUSH FLASH, SPLASH, transvaza o copo! AAAAAAAAAAAAAAAAAHHH. uma onda forma-se na superfície, AAAAAAAAAAAAAAAAAHHH, uma onda cresce na superfície, AAAAAAAAAAAAAAAHHH, uma onda engole-me subitamente. sinto-me encharcada, metida num charco qualquer. sujo. suja. AAAAAAAAAAAAAAAHHH. ensopada. sinto-me a absorver, a engolir, a inchar.

então, em contacto com as minhas vestes, com a minha pele e com a minha mente, o líquido vítreo começa a tomar cor. incorre em reacções químicas diversas, o coração dispara a respiração acelera os músculos contraem-se e a garganta ferve. tudo isto no espaço de segundos, milésimas de segundo. PAMPUMPAMPUMPAMPUM.

a pele tinge-se, reveste-se, toma a cor da inveja, do nojo, da impaciência contida nas entranhas até não se aguentar mais. a língua contorse-se e acelera - tss-PÁS. as palavras aceleram tambem em chicotadas fortes de língua afiada. tss-PÁS. e então, cá vamos nós,
digo o que quero e o que não quero. o que me vai na mente consciente e o que me vai na outra, na subterrada, inacessível ao grande público (e, por vezes, inacessível até a mim). a que corre nas entrelinhas do que sabemos e do que achamos que sabemos

(ah se nós nos endendessemos plenamente)

e perco o controlo.

(continua)

Sem comentários: