quinta-feira, abril 28, 2011

paciências (ii)


quem tudo quer, tudo perde. não diria tudo, mas pelo menos parte. ou tem que perder. ou não tem que, mas deve. porque não irá desfrutar o que tem plenamente. quão mais fácil seria, na dúvida, meter tudo no saco e levar para casa. e, na dúvida ainda de por onde começar, manter tudo no saco e saber que temos aquilo, que temos tudo para ser felizes.

mas não, dão-nos simplesmente a hipótese de que fazer escolhas: se queremos o cornetto de morango, o magnum caramelo ou o perna de pau. ou o epá, porque oh menina de momento é o que temos. e sendo o único hesitamos. esperamos, não esperamos. hesitamos enquanto o gelado derrete e se encaminha para o fim da validade.
podemos sim, escolhê-los a todos, quando os há, mas o provável é que a experiência de prazer imaginada se transforme numa tremenda dor de barriga com consequências de dia seguinte. isto quando os podemos escolher a todos, como se pudéssemos estar em todo o lado, ter e viver tudo, tudo ao mesmo tempo.

(não somos omnipotentes,
não somos omipresentes.

no máximo, somos omnívoros. e ainda assim
quando queremos muito
temos que comer a peça à vez.)


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