"na 5a feira vai almoçar com o filho epiléptico."
ouvido isto, tratei de tecer o resto da história:
na 6a feira janta com o primo bipolar em fase maníaca. e depois há festa!
no sábado vai às compras com a tia diabética e, de seguida,
janta com a amiga deprimida que se divorciou recentemente do marido celíaco. não há festa.
não ousando escapar, toma ela própria o comprimido, é uma drogada.
no domingo almoça em família, com o outro filho, hiperactivo, a miúda obesa, e o marido desempregado (que é o mesmo que dizer, futuro alcoólico identificado ou futuro deprimido). o filho epiléptico não almoça aqui.
na 2a, depois de sair do trabalho, faz o jantar para os filhos e vai ver a mãe demente. por coincidência, na mesma casa, está também o pai normal. quê, normal?! não tem sequer uma patologiazinha com que o possamos definir? uma amigdalite recidivante, uma renite alérgica, uma hipertrofiazinha prostática incipiente? sei lá, qualquer coisa muito única, nada repetível e comum, que possa ser incluída na etiqueta descritiva? uma carecazinha à vista, uma fugazinha aos impostos, uma batidelazita no carro da frente? prooonto, está bem. o pai normal. mas um tremendo anormal, caramba.
ouvido isto, tratei de tecer o resto da história:
na 6a feira janta com o primo bipolar em fase maníaca. e depois há festa!
no sábado vai às compras com a tia diabética e, de seguida,
janta com a amiga deprimida que se divorciou recentemente do marido celíaco. não há festa.
não ousando escapar, toma ela própria o comprimido, é uma drogada.
no domingo almoça em família, com o outro filho, hiperactivo, a miúda obesa, e o marido desempregado (que é o mesmo que dizer, futuro alcoólico identificado ou futuro deprimido). o filho epiléptico não almoça aqui.
na 2a, depois de sair do trabalho, faz o jantar para os filhos e vai ver a mãe demente. por coincidência, na mesma casa, está também o pai normal. quê, normal?! não tem sequer uma patologiazinha com que o possamos definir? uma amigdalite recidivante, uma renite alérgica, uma hipertrofiazinha prostática incipiente? sei lá, qualquer coisa muito única, nada repetível e comum, que possa ser incluída na etiqueta descritiva? uma carecazinha à vista, uma fugazinha aos impostos, uma batidelazita no carro da frente? prooonto, está bem. o pai normal. mas um tremendo anormal, caramba.
4 comentários:
hum, acho que temos aí um germe de história para um filme, talvez um curta, à la fassbinder (adoro).
Estou a reler os teus posts antigos e voltei a cruzar-me com este...
(Confesso que já não me lembrava dele.)
Um grande sorriso nasceu-me no meio da cara! :D
Ah! Daqui:
http://emnosehtudo.blogspot.pt/2011/04/thin-but-deep-red-line.html
(a linha que separa os enfermos dos saudáveis)
“War happens to people, one by one. That is really all I have to say and it seems to me I have been saying it forever. Unless they are immediate victims, the majority of mankind behaves as if war was an act of God which could not be prevented; or they behave as if war elsewhere was none of their business. It would be a bitter cosmic joke if we destroy ourselves due to atrophy of the imagination.” ― Martha Gellhorn
http://www.dummocrats.com/images/x/2006/grass.sized.jpg (in http://www.dummocrats.com/archives/001383.php) <- "[...] Hope the picture will go through for you of this Army soldier in Iraq with his tiny plot" of grass in front of his tent. It's heartwarming! Here is a soldier stationed in Iraq, stationed in a big sand box. He asked his wife to send him dirt (U.S. soil), fertilizer and some grass seed so he can have the sweet aroma and feel the grass grow beneath his feet. When the men of the squadron have A mission they are going on they take turns walking through the grass and the American soil to bring them good luck. If you notice, he is even cutting the grass with a pair of a scissors. Sometimes we are in such a hurry that we don't stop and think about the little things that we take for granted. [...]"
http://ngm.nationalgeographic.com/2015/03/syrian-refugees/img/08-nizip-1-mini-garden-oasis-670.jpg (in http://ngm.nationalgeographic.com/2015/03/syrian-refugees/stanmeyer-photography#/08-nizip-1-mini-garden-oasis-670.jpg) <- "[...] During his Out of Eden Walk, the author encounters “a vast panorama of mass homelessness”—throngs of desperate refugees escaping war-torn Syria. [...] Mohammad Magelk grooms the oasis he has created in the dusty Nizip 1 camp, where more than 11,000 Syrians now live. “When I sit here in front of this tent, I remember my garden back home in Idlib,” he says. In his two years here, he has met a woman, married her, and started a family. [...]"
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