O semáforo ficou verde, e o senhor parou. Estancou o carro, de mãos no volante, e esperou. Os de trás apitaram, com a razão, pensaram eles, Olha-me este parolo a parar no verde!
mas,
parolos são eles que não percebem que este homem pára nos verdes e avança nos vermelhos. Parolos são eles que não sabem e, pior que isso, não querem saber o porquê do senhor parar nos verdes e avançar nos vermelhos. Parolos são eles que fazem as coisas pela ordem, e seguem as cores quando atam os sapatos e abotoam as calças, quando fazem ofícios ou orçamentos de estado, quando discutem leis e apregoam morais. No fundo, quando seguem as cores para julgar o outro ou para barrar manteiga na torrada da manhã.
Pa-ro-los. Porque se enfileiram atrás das regras, e as seguem num jogo cego de Rei Manda. Porque as seguem mesmo quando já nem sabem quem manda. Porque perderam o sentido das coisas. Porque nem questionam o sentido das coisas. (Que mania de avançar nos verdes e parar nos vermelhos.)
por isso,
fascinam-me estas pessoas que param nos verdes. Porque certamente avançam nos vermelhos e geram o caos. Ou esperam o azul sem estranhar a demora [tudo é uma imensa descoberta] e, depois, geram o caos.
Que vêem o mundo ao contrário, de pernas para o ar. Ou sem ser ao contrário, que o vêem do avesso. Ou sem ser do avesso, como uma infinidade de peças de puzzle totipotentes.
Que esticam as regras, e as encolhem e amarfanham depois, só para que possam caber no frasquinho que lhes reservaram. Ou que não reservaram e que arranjaram ali. Agora. O frasquinho pelo qual passam e ao qual deitam a língua de fora só pelo gozo de as ver contorcidas e miseráveis, desesperadas.
por isso,
fascinam-me. Quando pegam nas rotinas e as olham de baixo a cima, e então percebem que não têm sentido ou que o seu sentido seria maior se fossem sanitor ou nitorsa ou ainda tarnios.
(mas, depois desta consciência, amarfanham-se e preenchem os espacinhos ocos e até os não-ocos da minha cabeça os porquês de também eu avançar nos verdes e parar nos vermelhos. Afinal, parola sou eu.)
3 comentários:
(sinaléctica)
Errata: sinalética, sem C
[...] What made Mathematica’s notebook especially suited to the task was its ability to generate plots, pictures, and beautiful mathematical formulas, and to have this output respond dynamically to changes in the code. In Mathematica you can input a voice recording, run complex mathematical filters over the audio, and visualize the resulting sound wave; just by mousing through and adjusting parameters, you can warp the wave, discovering which filters work best by playing around. Mathematica’s ability to fluidly handle so many different kinds of computation in a single, simple interface is the result, Gray says, of “literally man-centuries of work.” [...]"
FULL TEXT: https://www.theatlantic.com/science/archive/2018/04/the-scientific-paper-is-obsolete/556676/
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