terça-feira, setembro 09, 2008

Cube

Combinações. 24 x 24. Imensos os cubinhos que se movem numa ordem rígida e perfeita. Até que tudo volte ao início. À perfeição*. Para que se possa desmoronar em seguida e repetir o ciclo.

(o desespero humano de não conseguir perceber o que não tem um sentido.)

Vou para casa. Não sei quando foi o início, nem se quer se algum dia tive o início, mas sinto os cubinhos na minha cabeça, a mover a mover a mover. Seguem movimentos ritmados; vão-se dispondo e caminhando no sentido da ideia primeira, única, perfeita. As palavras encaixam-se, constroem-se, combinam-se. E atingem: Tenho que escrever, Já.
Mas o instante passou. Vagarosos e impassíveis, retomam o ciclo. Vejo as ideias desmontarem-se (desmoronarem-se) a pouco e pouco. Esqueço as palavras. Já não sei como voltar.

Ideias. Palavras. Como cubos. Montam-se, atingem o momento em que a eclosão madura do fruto é possível, e voltam a desmontar-se.

(o desespero de se ter o momento na mão e de o deixar escapar, irreversivelmente.)


*A “perfeição” é, em si mesma, um conceito inatingível. Mas, ainda que sabendo as nossas limitações, procuramos sempre a proximidade do Horizonte.

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