(Douz, Tunísia, Agosto 2009)
independentemente de nascerem já escravos, de terem que suportar o ferro quente a marcar-lhe um dono que nem lhes é nada senão carrasco, de apanharem porrada a torto e a direito, de passarem horas intermináveis a suportar infernos e de não terem horas livres senão quando são largados ao deus-dará à espera de um fim do dia que só lhes trará quilos e quilos de turistas, é impressionante como
quem olha para aqueles olhos pestanudos de quem passa a vista pelo mundo e para aquela boquinha em movimentos de quem mastiga uma interminável pastilha elástica com sabor a qualquer coisa que nem interessa o quê, é impressionante como, quem os olha, não lhes consegue achar uma ponta de stress.
(deve ser do metabolismo. lento, talvez. ou então do calor, que atrasa sempre tudo menos o sono. eu também queria ter um metabolismo assim. para que quando me estivesse a passar dos carretos os meus movimentos fossem tão lentos tão lentos que eu não conseguisse mover palha e morresse de frustração [solução 1, mais drástica]. ou então não, e o metabolismo era tão lento tão lento que quando me chegasse o sangue à cabeça já tinha passado o momento e deixara de valer a pena - era sol de pouca dura [solução 2, mais simpática]. pois era, queria ter um metabolismo assim. mas se tivesse um metabolismo assim, queixava-me que engordava mais rápido.)
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