isto abaixo, daqui.
"Um 'e-mail'
Uma leitora, Ana Caraballo, enviou-me um e-mail que cito com autorização.
"Trabalho a recibos verdes, e não vou protestar pelo direito a um contrato de trabalho, nem pelo fim dos recibos. Não quero nada disso. Quero continuar a trabalhar a recibos verdes, pasme-se. Quero ser freelancer, que loucura! Quero ser dona da minha reforma, do meu tempo, do meu nariz, quero ser dona daquilo que ganho com o meu trabalho e não andar a sustentar este Estado gordo e despesista. É que ninguém se lembra que a precariedade pode ser o facto de nos extorquirem aquilo que ganhamos sem qualquer ajuda do Estado. Não quero um lugar cativo de onde não posso ser despedida, faz-me bem ser competente e dar o meu melhor, mantém-me actualizada, mantém-me viva! Não quero subsídios de férias. Quero gerir aquilo que ganho de modo a fazer as minhas férias com os meus próprios recursos. O drama é que com esta carga fiscal não consigo gerir aquilo que ganho. Como é que se explica que quem tem menos direitos tem mais deveres? E aqui escreve-lhe uma pessoa que não quer essas porcarias desses direitos. Quero uma redução dos deveres. Quero o Estado o menos possível na minha vida. Não quero nada deles e quero que precisem o menos possível de mim. Nunca votei em nenhum deles."
Ao que sei, a Ana é "jovem". Ao que sei, a Ana participou na manifestação dos ditos "à rasca". Ao que sei, a posição da Ana é desalmadamente minoritária num desfile dominado pelo mito reaccionário da "estabilidade", apropriado pela extrema-esquerda e enfeitado, com certa naturalidade, por skinheads. De qualquer modo, a lucidez da Ana previne contra generalizações abusivas das pessoas que, desgraçadamente, se deixam definir enquanto "geração". Para lá das lamúrias dos "jovens" oficiosos, para lá dos resignados hinos de Homens da Luta e Deolindas, ainda há quem privilegie a liberdade. Ainda há vida, portanto, mesmo que o seu carácter residual, quase excêntrico, já não permita o luxo de haver esperança."
(e se a atitude nos arremessar às massas? força. mas se não for por aí, porque é que tem que ser por aí?)
12 comentários:
Desde 14 de Novembro de 2010, o salário mínimo nacional é de 485 euros. A Ana Carvalho está há 3 anos a recibos verdes, paga 160 e tal euros mensais para a segurança social, paga 300 euros de renda (por um t0 na buraca), conta da água de 15 euros e conta da luz de 50 euros (incluindo taxa de audiovisual e outras coisas quejandas), deslocar-se de carro ou qualquer meio de transporte para o local de trabalho (preço litro gasolina 1.45 euros; preço bilhete metro 1.50 euros) etc., etc., etc.
a Ana Caraballo diz "Quero gerir aquilo que ganho de modo a fazer as minhas férias com os meus próprios recursos" "quero ser freelancer, que loucura!" "Quero ser dona da minha reforma"
"escreve-lhe uma pessoa que não quer essas porcarias desses direitos"
Esta crónica é imoral e estúpida.
E choca-me como é que se dá tempo de antena a coisas imorais e estúpidas.
filipa,
estás a sugerir censura deste tipo de opiniões?
não, estou a exercer o meu direito à indignação.
que existe, sempre existiu, muito antes do xenhor prufeçor cabaco e sua parnenaire mariazinha o referirem, do alto da sua tribuna.
e que, aliás, devia ser exercido mais vezes, muito mais vezes, na realidade real.
é a MINHA opinião e a MINHA censura indignada.
numa coisa, pelo menos, tens razão. em vez de ter publicado a opinião de OUTRA pessoa, também eu devia ter dado a MINHA. mas
e se eu não tiver uma opinião formada? e se eu não souber o que pensar disto tudo? não sei, de facto.
o Estado é uma miséria. mas o Estado é feito de pessoas. pessoas comos nós. como eu. eu não sei se a culpa é "só" do Governo, mas já que não o sei, posso acreditar em algo, e eu não acredito que a culpa seja "só" do Governo. o Governo são pessoas, pessoas que vieram das Associações Académicas, que vieram das revoluções de Abril, das revoluções do que fosse, que lutaram pela Liberdade em manifestações de rua. e depois chegaram ao poder. eu, se fosse para lá, não sei se faria melhor. não sei. e isto é o que eu sei: que não sei de quem é a culpa disto tudo, que não sei qual é a solução para isto tudo, que não sei se há solução para isto tudo.
poderás ter razão, que não me posso prender a isto e estar à espera de ter uma opinião para fazer alguma coisa. que, independentemente das percentagens de culpa (se é que se podem definir), não os podemos desculpar pelo falhanço nas tarefas que assumem e com as quais se comprometem.
mas o facto de não ir a uma manifestação não quer dizer realmente que me esteja a acomodar. há mais formas de luta. há a luta no quotidiano, não apenas em se levantar da cama todos os dias e tentar aguentar o dia, tentar subsistir para o dia que vem, mas a luta de mudar as coisas que achamos mal. os pequenos pormenores. as situações que conhecemos. e cada um luta à sua maneira.
cada um sabe da sua situação e o quão difícil é viver cada dia. e, realmente, o que peço é desculpa se mostrei desrespeito pela situação de algumas pessoas ao publicar aquele texto. não era esse o objectivo. o objectivo era relamente mostrar opiniões diversas. fazer reflectir. independentemente da matéria, porque se aquela menina pensa assim, por alguma razão é.
mas peço desculpa se ofendi alguém.
A Sorte favorece os audazes e os persistentes.
... mas os Azares acontecem. Ponto.
o que é a liberdade de expreessão?
a liberdade de expressão é um conceito político. definido por leis. ora portanto, é um conceito limitado mas cheio de buracos, vazios legais por onde escapar.
Isto é um bocado "comédia", mas...
"Many forms of Government have been tried and will be tried in this world of sin and woe. No one pretends that democracy is perfect or all-wise. Indeed, it has been said that democracy is the worst form of government except all those other forms that have been tried from time to time."
Speech in the House of Commons (1947-11-11)
The Official Report, House of Commons (5th Series), 11 November 1947, vol. 444, cc. 206–07.
Bertrand Russell's Message to the Future
BBC Face-to-Face 1959
:p
"[...] The main objections to more widespread placebo use in clinical practice are ethical, but the solutions to these conundrums can be surprisingly simple. Investigators told volunteers in one placebo study that the pills they were taking were "known to significantly reduce pain in some patients." The researchers weren't lying. [...]"
in http://www.wired.com/medtech/drugs/magazine/17-09/ff_placebo_effect?currentPage=all
The Trap Full Length Documentary
The Trap: What Happened to Our Dream of Freedom (2007) by producer, Adam Curtis.
The series consists of three one-hour programs which explore the concept and definition of freedom, specifically, "how a simplistic model of human beings as self-seeking, almost robotic, creatures led to today's idea of freedom.
If one steps back and looks at what freedom actually means for us today, it's a strange and limited kind of freedom. The West apparently fought the Cold War for "individual freedom", yet it is still something our leaders continually promise to give us. Abroad, in Iraq and Afghanistan, the attempt to force "freedom" on to other people has led to bloody mayhem. This, in turn, has helped inspire terrorist attacks in Britain. In response, the government has dismantled long-standing laws that were designed to protect individual freedom...
http://www.youtube.com/watch?v=tAE-xqFr0iQ <- Part 1 — Fuck You Buddy
In this episode, Curtis examines the rise of game theory during the Cold War and the way in which its mathematical models of human behavior filtered into economic thought. The program traces the development of game theory with particular reference to the work of John Nash, who constructed logically consistent and mathematically verifiable models, for which he won the Nobel Prize in Economics. He invented system games reflecting his beliefs about human behavior, including one he called "Fuck You Buddy" (later published as "So Long Sucker"), in which the only way to win was to betray your playing partner. These games were internally coherent and worked correctly as long as the players obeyed the ground rules that they should behave selfishly and try to outwit their opponents. As the 1960s became the 1970s, the theories of a Scottish psychiatrist, R.D Laing, and the models of Nash began to converge, producing a widespread popular belief that the state (a surrogate family) was purely and simply a mechanism of social control which calculatedly kept power out of the hands of the public. Curtis shows that it was this belief that allowed economic models that left no room for altruism to look credible and that this underpinned the free-market beliefs of Margaret Thatcher, who sincerely believed that by dismantling as much of the British state as possible and placing former national institutions into the hands of public shareholders, a new form of social equilibrium would be reached. This was a return to Nash's work, in which he proved mathematically that if everyone was pursuing their own interests, a stable, yet perpetually dynamic society could result. But as the mathematically modeled society is run on data—performance targets, quotas, statistics—it is these figures combined with the exaggerated belief that human selfishness will provide stability, that has created "the trap".
http://www.youtube.com/watch?v=ZXx3rXTMs0o <- Part 2 — The Lonely Robot
The second episode reiterates many of the ideas of the first, but develops the theme that drugs such as Prozac and lists of psychological symptoms which might indicate anxiety or depression are being used to normalize behavior and make humans behave more predictably, like machines. This is not presented as a conspiracy, but as a logical although unpredicted outcome of market-driven self-diagnosis by checklists based on normal symptoms of human emotion.
http://www.youtube.com/watch?v=nH8w-MBGZ9o <- Part 3 — We Will Force You To Be Free
The final program focuses on the concepts of positive and negative liberty introduced in the 1950s by Isaiah Berlin. Curtis briefly explains how negative liberty could be defined as freedom from coercion and positive liberty as the opportunity to strive to fulfill one's potential.
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