segunda-feira, maio 06, 2013

‘Are you still an effective team?’,


says Sally*, in a brilliant Texas accent and with an enthusiastic smile. o presidente do Conselho Europeu deve ter visto o filme recentemente também:

«Rompuy elogiou o comportamento de Portugal nos últimos dois anos. O país "é um bom exemplo" pelos resultados alcançados no "trabalho que tem sido feito nas finanças públicas e na implementação de reformas", disse. "O mais importante é mantermos o nosso rumo", vincou, defendendo mesmo que isso é "imprescindível para a credibilidade" externa dos países. Até porque, "se formos bem-sucedidos, a crise acabará por nos tornar mais fortes". Foi, aliás, esse bom comportamento que permitiu que os credores internacionais alargassem o prazo para o pagamento da dívida portuguesa há algumas semanas (...).»**


sujo, exausto e impaciente, o País quer perceber o que diz o presidente. quer saber como pode ele responder às suas preces, às suas questões, às suas dúvidas. quer tomar o microfone nestas visitas de quando a quando. mas o presidente, ou os senhores da troika, ainda que pareçam falar ao povo, não falam verdadeiramente para o povo:

Sally* a.k.a. Big Boss: This is mission control. How are you all doing this lovely morning?
Vicka* a.k.a. Passos Coelho e o seu executivo tomam o microfone: Another day in paradise, Sally.  

«Porêm», avança o Sr. Rompuy (Sally), sem querer pintar as coisas em demasia, «há ainda um longo caminho a percorrer. os "ajustamentos são difíceis, demoram muito tempo até parecerem fazer efeito" e é preciso "coragem política", avisou, mesmo que as sondagens mostrem que o Governo é cada vez menos querido pela população. Essa é, aliás, uma situação que Rompuy desvaloriza. "É tempo de coragem política e muitos líderes, tal como os do vosso país, mostram coragem. Estão convencidos que tem que ser como agem. E é assim que tem que ser.»**


Vicka* suspira, ou Passos Coelho e o seu executivo suspiram (, o País expira). mas compõem logo o seu melhor sorriso enquanto se dirigem ao País: Only two more weeks (como quem diz, anos), Jack (O País), and we can finally leave and join the others. Please, don't take any chances... 


(shouldn't we? que eles estão convencidos percebo eu. mas, muito infelizmente, a fé não parece ser um bom indício de razão. pensar que ainda por cima as premissas da fé se podem basear em erros de cálculo, é tirarem-me outro pedaço de tapete. chegar a ponderar a ideia de alocar as esperanças na fatia política oposta, que foca as preocupações na cavalgada sobre o governo, é permitir um gancho nos queixos; enquanto que idealizar que as medidas (ainda que enaltecíveis), propostas por uma facção que ainda crê que o comunismo é operacionável, poderiam chegar para cobrir a dívida que nem uma tonelada de ouro europeu cobre, é oferecer a face a um valente soquete esquerdino.
who should we trust then? No one, someone whispers. é o knock out - e arrumam comigo de vez.).



* Oblivion (2013) 


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