Transbordam as nádegas dos assentos revestidos. sob as cochas apertadas nas saias pelo joelho, assentam as mãos gretadas e morenas. os peitos arfam, bicudos, por baixo das blusas de seda, e nas carteiras guardam-se certamente os comprimidos para as diabetes e para a hipertensão. Falam entre si as senhoras, na viagem da camioneta:
- opois no sábado sentiu-se mal.
- mas ele é epiléptico?
- não. deu-lhe um ataque de ansiedade. e no sábado teve que ir ao médico.
- ah, não sabia. mas ele há médico disso? da ansiedade?
(há pois. mas chiu, ninguém sabe, é segredo. é um bicho. um bicho que não se conhece bem. que não se percebe. isto do coração a saltar por motivos que não os intrínsecos ao coração. isto de tremermos sem termos a Parkinson. isto de nos esquecermos desprovidos do Alzheimer. de andarmos tristes sem motivo aparente. nervosos, quando as provas já passaram. cansados, sem trabalhar. sem sono, quando queremos tanto dormir.
mas prepare-se, querida senhora, habitue-se a ouvir destas, que isto só vai aumentar.)
- opois no sábado sentiu-se mal.
- mas ele é epiléptico?
- não. deu-lhe um ataque de ansiedade. e no sábado teve que ir ao médico.
- ah, não sabia. mas ele há médico disso? da ansiedade?
(há pois. mas chiu, ninguém sabe, é segredo. é um bicho. um bicho que não se conhece bem. que não se percebe. isto do coração a saltar por motivos que não os intrínsecos ao coração. isto de tremermos sem termos a Parkinson. isto de nos esquecermos desprovidos do Alzheimer. de andarmos tristes sem motivo aparente. nervosos, quando as provas já passaram. cansados, sem trabalhar. sem sono, quando queremos tanto dormir.
mas prepare-se, querida senhora, habitue-se a ouvir destas, que isto só vai aumentar.)
2 comentários:
gosto da noção de esquecimento desprovido de alzheimer : ))))
victan mamen
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