quarta-feira, março 17, 2010

as coisas num contexto.


primeiro foi o olhar. só depois veio o verbo.

cresce no regaço da mãe. cresce, cresce. mais e mais. a cada dia. sentem-se os dois, ao princípio, no silêncio. descobrem-se. percorrem as sensações, mesmo sem as saber. falam também. os dois durante meses. anos! aninham-se um no outro procurando conforto. o cheiro da mãe, o cheiro do filho. o toque. o contacto, corpo no corpo. o quente da pele. o filho cresce. o corpo da mãe. o corpo do filho. amam-se, mas há todo um mundo que os separa. e aos corpos também. cria-se a distância, o ver de fora. ao longe.

se tivessem sido só os dois, olhos colados, não veriam mais nada. não diriam mais nada. nem haveria mais nada. seria o sonho.

(o que custa é a falta da pele, do cheiro da pele. de tocar na pele, e de a percorrer. mas há a vida como pano de fundo.)


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