domingo, setembro 27, 2009

sei lá


Coimbra está à beira de ter um metro Mondego. Por esse motivo, a linha da Lousã está à beira de ser encerrada durante dois anos. A população esteve, deixou de estar, à ‘beira de um ataque de nervos’. Porquê? Simples: perceberam que há coisas que as mãos do povo não alcançam, e resignaram-se (ou talvez não. só estão um pouquito mais sossegaditos).

Mas afinal, porquê tanto alarido? Basta olhar para perceber que tudo o que implica mudança dá azo a resistência. Porquê? As pessoas têm medo do que lá vem e que não sabem bem o que é, mesmo que depois se verifique ser melhor. Tratam de olhar para o momento, ver tudo o que vão perder no agora. Há um grande receio em arriscar. Ficam-se pelo seguro, pelo razoável, pelo suficiente que até serve bem.

Mas nenhum país – e quem diz país, diz empresa, e quem diz empresa diz projecto, e quem diz projecto diz vida – nada anda para a frente se não se arriscar, se não se arriscar na mudança. Mas não falo de arriscar levianamente, e tentar ter o que os outros têm só porque-sim. Só porque também temos que ter. Há aquela questão das 'pernas para andar'. Da ambição comedida e ponderada. Mas... quão comedidos e ponderados deveremos ser? Fazer até onde temos rédea, ou devemos dar um passo maior, e ver se o resto acompanha?

Há aquela questão que a meu ver está sem resposta fácil. Nem sei que partido poderia avançar melhor caminho, como aliás, nunca sei. Penso, Vêm aí 4 anos, o que é que nos espera? O que é que devemos esperar? E o que é que, nós também, podemos e/ou devemos fazer? O povo hoje estendeu as mãos, alcançou o papelito, e votou. Em consciência? Semanas e semanas de campanha, ou anos e anos de opções políticas, deram hoje nisto. A mudança, seja ela qual for, mais leve ou mais abrupta, é inevitável. Mas não me canso de lembrar uma frase que uma vez ouvi ao José Saramago: “O cidadão tem braço curto. Chega à urna. Mas o poder está mais acima, não lhe pode tocar”.

Não? Hm. Não pode. Mas, pergunto-me, E se o cidadão lhe pudesse tocar? O que é que ele faria?

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