segunda-feira, maio 19, 2008

A blueberry called world. Another one called life.


Não tenho muito por onde pegar, nesta vida de todos os dias.
Por isso, às vezes, quando percorro o caminho para casa,
quando vejo novamente o que vi ontem e antes de ontem
quando já ando sem olhar
quando já olho sem ver,

também a mim me apetece dar a volta pelo caminho mais comprido,
pelo caminho diferente.

Faz-me falta o desconhecido
faz-me falta tudo o que não sei nem imagino
faz-me falta saber que tudo é estranho e diverso,
e que outros olham e vêem distinto o que eu olho também.

Mas acima de tudo
sinto falta de olhar eu também e ver estranho e distinto
E, depois de o ver,
sentir e querer e gostar de estar em casa.

(mas este medo que me prende.
esta preguiça que me arrasta.
esta rotina que me atraiçoa.)

Quero sair. Quero fazer o caminho, percorrer os caminhos, perder os caminhos.
Quero embrenhar-me no mundo

Chorar, perder, rir. Quero lutar, exigir, sonhar e desanimar. Quero ver, sentir, palpitar, enfrentar.

Quero ir,
e só então, cansada e descansada,
Voltar.

Quero ir, para então, enfim, bradar sedenta a esta terra:
-Casa, o quanto eu te ansiei.


(às vezes, muitas vezes, devíamos pegar no medo da mudança, içá-lo com jeito e cuidado, e arrumá-lo numa caixinha perfumada onde ele não se cansasse de estar.)

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