terça-feira, setembro 27, 2011

'get him up. let him live.'


(ver a partir minuto 5:02. não ver se quiserem ver o filme por inteiro.)


Alexandria: Why are you making everyone die?
Roy Walker: Because... everything dies.
Alexandria: Don't kill him.
Roy Walker: There's nothing left for him.
Alexandria: I don't want you to die. Roy. Don't kill him. Let him live. Let him live. Don't kill him. Roy?*





(somos nós o nosso próprio destino. podemos culpar o outro, e o azar, mas isso não muda a nossa responsabilidade. todos temos um secret hell. mas é a vontade. é a vontade.

You should be scaring me
But don't I only scare myself?**)





* The Fall, Tarsem Singh, 2006.
** dEUS, Secret hell, Worst Case Scenario, 1994.
         

segunda-feira, setembro 19, 2011

Dreams (II)




e se caírmos. 
  
nos mundos ao contrário,
não importa se me deixares cair.
       
          
       

quinta-feira, setembro 08, 2011

Do Comunismo (visto às cegas)

       
a primeira primeira vez. quando é bonita. tomara que todas as vezes fossem como a primeira vez quando é bonita. tão bonitas ou mais. quando se descobre pela primeira primeiríssima vez aquilo que nos vai fazer querer respirar, viver o dia por inteiro e dormir só para se poder viver outra vez amanhã. aquilo que nos vai encher o peito. aquilo de que afinal somos feitos e só ainda não o sabíamos.
é tão bonita a paixão pela causa, principalmente quando se torna essa paixão tão natural como  conversar com um amigo, ou dançar quando se está feliz. quando a paixão torna a luta tão essencial como matar a sede. 
é tão bonito ter-se a fé num ideal. e acreditar que esse ideal é possível, e que só pode ser assim, possível. que não há outra maneira. quando se têm mais certezas que dúvidas. que a luta é o caminho. que o caminho é luta, mas por cansados que fiquemos hoje, que seja de lutarmos!, e que amanhã cá estaremos e não estaremos sós. que os camaradas se unem, e a força está na união. que amanhã cá estaremos. que o amanhã virá, e virá melhor. mesmo que não venha. que virá um dia. se não para nós, para outros então. porque haverá sempre luta enquanto houver espaço para a mudança, e a mudança para melhor.

Até amanhã, camaradas!, diz o Manuel Tiago. e eles respondem-lhe certamente, Até amanhã camarada!. e é esta fé neste amanhã - que começa hoje com a luta! - que é tão admirável.


   
(se sou comunista? não. ser comunista é agir em direcção ao ideal colectivo, o qual eles sabem muito bem qual é. eu, vá, também tenho um ideal. também sou idealista. mas fico por aí. e com pena. pois tomara ao meu ideal ser tão concreto quanto o deles.)
             
   

Do Comunismo

        
I - o primeiro contacto

II - a descoberta do símbolo
III - o caminho para se ser livre




IV - a união faz a força

V - o preço da ousadia


VI - o valor do colectivo



* fotos tiradas na Festa do Avante 2011







           
              
           

terça-feira, setembro 06, 2011

o estatuto do foro psicológico

              
Transbordam as nádegas dos assentos revestidos. sob as cochas apertadas nas saias pelo joelho, assentam as mãos gretadas e morenas. os peitos arfam, bicudos, por baixo das blusas de seda, e nas carteiras guardam-se certamente os comprimidos para as diabetes e para a hipertensão. Falam entre si as senhoras, na viagem da camioneta:

- opois no sábado sentiu-se mal.
- mas ele é epiléptico?
- não. deu-lhe um ataque de ansiedade. e no sábado teve que ir ao médico.

- ah, não sabia. mas ele há médico disso? da ansiedade?



(há pois. mas chiu, ninguém sabe, é segredo. é um bicho. um bicho que não se conhece bem. que não se percebe. isto do coração a saltar por motivos que não os intrínsecos ao coração. isto de tremermos sem termos a Parkinson. isto de nos esquecermos desprovidos do Alzheimer. de andarmos tristes sem motivo aparente. nervosos, quando as provas já passaram. cansados, sem trabalhar. sem sono, quando queremos tanto dormir.

mas prepare-se, querida senhora, habitue-se a ouvir destas, que isto só vai aumentar.)