sexta-feira, janeiro 14, 2011

fazer do negro humor


confesso que sempre achei mórbida a tendência imediata de fazer piadas sobre pessoas estraçalhadas e afins. que não haveria maior insensibilidade do que rirmos da desgraça dos outros. mas mudei de ideias. pior é sofrermos com essas desgraças que preenchem a TV, que mancham de sangue os jornais, que passam de boca em boca à nossa porta. pior é afundarmo-nos nelas, nas desgraças alheias com medo que nos toquem a nós um dia, pior é desiludirmo-nos com o ser humano e, depois, como consequência, com o mundo e a vida em geral.
rir das desgraças é até muito bom sinal. sinal que apesar de tudo o que acontece de horrível à volta, nós lhe damos a volta, rimo-nos um bom bocado, e continuamos. não temos outro remédio.


2 comentários:

Pedroto disse...

Nunca tive jeito para usar as palavras no seu sentido forte e tocante... leio e gosto de deixar isso para pessoas como tu que o sabem fazer bem! Mas tinha de comentar este post sobre a velha questão de saber se há limites para o humor! Adaptando à minha realidade uma frase do Ricardo Araújo Pereira 'é claro que há limites, que com o meu Sporting ninguém brinca!' Eu alinho mais pelo diapasão do Zeca, 'o que faz falta é animar a malta!'... mas sem querer cair em lugares comuns, penso que o mais importante é manter a capacidade de nos rir de nós próprios... se isso acontecer, conseguimo-nos rir de tudo, ainda que de forma não propositada acabemos por melindrar alguém... ;)

menina de porcelana disse...

discordo da tua opinião acerca do teu jeito. mas ficamos assim, pronto. ;P ;)

é claro que há limites: "a tua liberdade acaba quando começa a minha", o que me deixa sempre a mim a pensar: já acabou a tua? já começou a minha? (esta cena dos limites caramba. é tudo uma convenção... subjectiva! :S)

sabes também o que acho: que mesmo quando não queremos e fazemos tudo para evitar, a probabilidade de magoarmos alguém existe. e acabamos provavelmente por magoar. a eles, e depois a nós, que também vivemos as coisas em função disso, enchemo-nos de limites incertos, e acabámos por não evitar nada. :S porque a nossa consciência das coisas é limitada....

fica isso que escreveste: "o mais importante é manter a capacidade de nos rir de nós próprios". que é a lição. ;)

(bem-vindo a esta caixinha :) )