matou-me o menino. ontem,
no meio da calçada. matou-me o menino da pistola em punho. ergueu a mira e posicionou. depois, com o olhar franzido e o sorriso maroto, puxou do gatilho e fez
Pum!
imagino a pistola carregada. a bala mortífera. não teria tempo de pensar, por certo. mas
era só cola, por sorte. era apenas uma pistola de cola.
(passam os filmes na TV. os heróis de arma em punho, os cowboys. não, os assassinos natos, os terroristas; vivem os vilões no jogo. a tarefa é matar e vencer. há o prazer expresso no herói. há os pontos amealhados. o próximo nível.há também o terror dos que são mortos. há o medo, o sofrimento. nas faces estende-se o esgar infeliz da sensação que percorre o corpo. o sangue esvai-se. há gritos. e os meninos, vêem? porque não haviam de ver?
juro que não percebo, será inato? porque é que preferimos o gozo do poder à compaixão pelo sofrimento.)