sexta-feira, setembro 17, 2010

finito infinito

         
passo na Baixa. na esquina da Câmara, um velho olha o futuro, apoiando na bengala gasta a mão encarquilhada. tem o olhar preso. a postura imóvel. olho para ele enquanto avanço. penso: apetecia-me perguntar-lhe o que vê. para o que dirige o olhar tão atentamente. se vale uma vida. queria tanto saber.

mas depois desiludia-me, com toda a certeza.

(prefiro tecer o sonho, colar-lhe as pontas. construí-lo em castelo e subir nele, percorrendo-o encantada. ficar lá. do que depois ter que o partir contra a realidade.)
       
       
    

2 comentários:

O Chefe disse...

Mas podes ter respostas marcantes, como "A esquerda é assassina!", entre outras...

menina de porcelana disse...

ainda assim, j., acho que nenhuma resposta seria tão boa quanto aquela que eu esperava ouvir. "barco sem rumo não tem ventos a favor"...