sexta-feira, junho 27, 2008

Serviço Público.

 
Marco o número.
 
Para tal e tal marque isto. 
Para tal e outro marque aquilo. 
Marco isto. 
Se quer tal e coiso marque x. 
Se quer tal e aqueloutro marque y. 
Marco y. Para condições marque bu. 
Para confirmar marque pu. 
Marco pu. 
De certeza que quer tal e aqueloutro?
Marque s para confirmar. 
Marque t para cancelar. 
Marco s. 
Lamentamos. Só pode mudar no dia que não é hoje.
   
  
      

quarta-feira, junho 25, 2008

“Achas que sou maluquinha por gostar do cheiro dos teus pés?”


acho. mas ser-se louco é tão bonito.

(tenho tal admiração por esta mulher, que calculo quer ela me acharia ridícula se soubesse que o chego a confessar.)

Acerca dos Episódios Depressivos (Ou um telegrama aqui para dentro)


"Eu disse que ia ao fundo buscar-te. Não disse que ficava lá a fazer-te companhia.”

(Inferno, Joaquim Leitão, 1999)

Das Mulheres

I – Achegas

“Deviam vestir-se de branco, como os outros electrodomésticos.”

(Bernie Ecclestone, patrão da Fórmula 1, acerca das mulheres e da sua potencial participação como pilotas de automóvel.)

II – Truque

“Eu quando me excito ao ver uma mulher, basta-me imaginar o interior do corpo dela.”

(ilustre desconhecido)

Bexiguinha e o Point-less da existência das coisas.

Pedra pedra pedra pedra pedra pedra pedra pedra pedra pedra pedra pedra pedra pedra pedra pedra pedra pedra pedra pedra pedra pedra pedra pedra pedra pedra pedra pedra.

Saiem-me as tripas pelos olhos. Morro que não aguento. Que arda e sofra, Odeio-o Espero que morra.

(Levar as coisas ao extremo é como repetir a mesma palavra vezes sem conta até que soe estranha e nova e desconhecida. As coisas assim tornam-se patéticas e vãs, inúteis. É por isso que as devíamos pegar pela mão, ou mesmo agarrá-las pelo braço, e levá-las até esse ponto longínquo – consumá-las num grito despropositado. Nem que seja apenas para percebermos depois que onde queremos ficar é lá atrás. Ou se calhar até um pouco mais à frente…)

segunda-feira, junho 23, 2008

Sem volta.


















That's not the beginning of the end
That's the return to yourself
The return to innocence
(The Return to Innocence, Enigma)

(Eu também gostava de voltar a mim mesma
e a essa inocência
de ser só eu, sem o resto.
Sem tudo o que se vai acoplando, E a estripa.
          
Mas os inocentes são mortos cedo. Porque são imaculados.
É o preço de não sofrerem a consciência do mundo. É assim a inocência – tem um tempo
e, depois,
morre. De uma forma, ou de outra.)


      

quinta-feira, junho 19, 2008

Promessas

Quanto mais oiço falar deste mundo
Quanto mais oiço falar as pessoas deste mundo

Menos vontade tenho de viver nele
Mais vontade tenho de ir para outro lugar.

Para onde? Não sei.
Para o meu mundo talvez. (Para lado nenhum?)

“But I have promises to keep And miles to go before I can sleep.” (Robert Frost)

(Bolas!)

Pur(o) acaso [ler Por acaso].

Sou tremendamente defensora que o mundo é transformável, que as situações são alteráveis, que a nossa percepção das coisas é moldável. Daí, que tudo seja modificável! Por essa razão, não há lugar para determinismos, nem para contas feitas a priori com resultados direitinhos e bonitinhos. Não. Tudo na natureza nos surpreende. Mas estamos tão enviesados pelo larga-cai, que falamos de milagres quando não conseguimos compreender o que correu mal.

Se olharmos melhor, vemos que tudo é transformável, tudo é alterável, tudo é moldável. Tudo é incerto e modificável! Tudo é modificável!

(fui à casa-de-banho num instante, fazer o que tinha que ser feito. meti a mão à roldana do papel e… ups! acabou.)

Ok, algumas coisas não são modificáveis.

Pirâmide das necessidades.

Sou um homem de negócios. Faço negócios. Sempre fiz negócios. Sempre fui um homem de negócios. Desde o tempo em que trocava laranjas por rebuçados, apontamentos por ténis novos, bolas de futebol por nomes de raparigas. Hoje troco serviços por lucros. Por segurança. Por conforto. Para no final do dia chegar a casa e dizer “Querida, cheguei a casa”. E receber nos lábios o beijo enternecido e nas pernas os abraços fortes dos bracitos exaustos de um dia de brincadeiras.

Cheguei ao topo da montanha. Quando saí do trabalho, cansado e exaurido de tentar convencer o mundo, de lhe mostrar que os meus serviços são os melhores, que sem eles não vale a pena progredir neste negócio, Quando cheguei a casa, ansioso pelo beijo e pelos abraços, Quando abri a porta, quando entrei… encontrei o silêncio. Querida, cheguei! Silêncio. Meninos! Calado o espaço.

Não sei se é de mim, mas quando se está no topo da montanha, não se vêem as pedrinhas pequenas cá em baixo, esquecem-se as tortuosidades do caminho. O momento é aquele. O resto não existe. A minha mulher estava deitada. Caída pelo chão. Afastados, os pequenitos, e os seus bracitos frouxos e ensanguentados. Sempre achei que percebia tudo acerca de trocas. Até hoje. Troco a minha vida, agora, por um pedaço de paz. Bang.

sexta-feira, junho 13, 2008

Jogos

Penso que me ando a tornar muito cocó. A minha última mania (pelo menos, está mais evidenciada) é criticar tudo e todos, ser pouco tolerante e achar que consigo ver por detrás das coisas. Que a mim já não me enganam! Que é preciso estar sempre atento e desconfiado, porque se não espreita o diabo espreita o vizinho do lado que é um oportunista.

Mudando radicalmente de assunto. O meu lado emotivo diz-me para vibrar com os golos, o lado racional (o mesmo que não me deixou gritar e saltar quando consegui a bolsa, o mesmo que me estancou a reacção efusiva quando entrei no curso que queria e no sítio onde queria, o mesmo que não me deixa dar gargalhadas sonoras em filmes básicos, o mesmo que me faz ponderar sobre alguma aparente graça do destino, o mesmo que me faz parecer adulta quando o nome que eu dou a isso é velhice precoce.), este lado racional diz-me que é tudo uma cangalhada e que o que vale a pena é desesperarmos com este país (e com este mundo!) que nos devora sorrateiramente.

(Devo dizer que estou um bocadinho farta desta luta entre titãs. Sinto-me cada vez mais esfrangalhada.)

Deixar que os golos me preencham. Pensar que é tudo um engodo. Eu até acho que agora consigo ver por detrás das coisas! Devo dizer que, geralmente, o meu lado racional controla o jogo. E acaba por ganhar. Quem perde sou eu.


quinta-feira, junho 12, 2008

Viagens.


“ (…) e o meu desejo de ir embora pelo mundo…
… a vida é tão pouca
e o mundo é tão grande
que terra aonde eu passe não posso voltar. (…)”



(«Serenata» em «Poemas Completos», de Manuel da Fonseca)

Blue Holes And Revelations

















 



Very a(Muse)ing!

       

Lesmas

Ainda me lembro quando a minha tia me veio com a história dos cães abandonados à sorte naqueles caminhos sós, dos cães que abocanhavam as pessoas, das pessoas que tiveram que enfrentar os bichos. Lembro-me de ouvir que eram caminhos perigosos, que havia homens à espreita, que eram incertos para uma menina sozinha os fazer. Os caminhos tornaram-se então longos e inquietantes. E as petalazinhas brancas dentes arregalados.

Ainda me lembro quando as ruas de Coimbra eram as ruas de uma cidade pequena, livre de perigos e sobressaltos. Os caminhos da noite eram desertos, e não havia grande receio que o não fossem. Depois, o chinfrim no ouvido que assaltavam aqui e ali, que violavam acolá. Que as meninas sozinhas eram um chamariz para as tentações dos homens. As ruas de Coimbra passaram a fazer-se à pressa. Sem o prazer da luz dourada a bater no pensamento.

É este o poder da sugestão: minhocas na cabeça. E é isto que nos lentifica a vida.

(a minha mãe também encontrava lesmas nas couves. metia-lhes sal encima e lá as deixava a contorcerem-se até se lhes desaparecer a existência. e era assim que devia ser com estas minhocas.)

terça-feira, junho 03, 2008

Eternal sunshine of the spotless mind



Este filme tem tanto de fantasia como de realidade.
E é isso que o torna tão bonito.

(quando tudo-o-que-temos-cá-dentro é mais forte.
porque não se apagam amores: aprende-se é a viver sem eles. e mais díficil que isso, só aprender a viver com eles.)

(música: The Polyphonic Spree, Light and day;
filme: Eternal sunshine of the spotless mind, Michel Gondry, 2004)