terça-feira, julho 26, 2005

Mediocridades. Ou simplesmente...

Ora canecóides. Neste momento os músculos descansam! Sentada neste maldito banco de comboio, ainda para mais a ver a vida a ficar para trás (Ou Simplesmente, a andar de costas voltadas...), revolve-me no estômago a ninharia do almoço ao qual tive que me sujeitar perante os olhares indiscretos do meu “vizinho de carteira” – sandes dura de bife e alface à La Rosa (tão grande que é necessário primeiro comer a parte de cima e só depois a parte de baixo, de forma a caber na cavidade bocal...). De sobremesa, laranja descascada à unha e dedo (!). Poix... imagine-se o espectáculo... até porque ainda não percebi como funciona a torneira destes WC’s inter-citadinos... :/ Porque é que as coisas não têm instruções! (entenda-se: algo suficientemente visível para os mais distraídos e compreensível até para os mais, digamos, “in-aprendizes”)
Isto, claro!, depois de uma correria doida até à estação. Sim, porque eu e os horários nunca nos demos muito bem. O problema é que os encaro como uma ameaça persistente à minha liberdade. Ah poix!
Com a mala de 20 Kg às costas (uma rapariga tem que poder escolher...), esfalfei-me pela calçada acima e pela calçada a baixo. E corri que nem uma doida! Tão doida que, às tantas, já era eu própria a rir-me da minha figura... Sejamos sinceros: adoro correr mas, há momentos para tudo (! Isto do tempo é assim mesmo...). Mas pronto, corri e esse é o facto. Esperneei, exalei, suei, corei, ri,...corri! Cheguei à estação, e... ainda tinha 4 minutos (isto de adiantar relógios, Ou Simplesmente, de nunca saber que horas são ao certo!, às vezes até dá jeito ;) ). Mas no meio disto tudo, o que eu não tinha mesmo nada era bom aspecto (nem etecéteras!). Convém esclarecer (se ainda não expliquei bem nos parêntesis que faço ;P) que suava por todos os ínfimos porozinhos, brilhava que nem um lustro, pingava por todos os lados, e devia cheirar – pior que a cavalo – a ser humano que acaba de correr durante 5 minutos uma distância percepcionada como infindável, numas torrenciais 15.45 horas de verão, com uma tonelada (Ou Simplesmente, os tais 20 kg...) às costas! Imagine-se então...(sim, quero esclarecer isto bem! Afinal isto é para contar mediocridades ou não?!)
Claro que isto tudo tem um propósito (sim, tem...). É que cheguei ao ponto, entre o desespero, a necessidade, e a imensidão de algum (?..) embaraço, de me questionar (suavemente...) se deveria andar simplesmente – o mais rápido possível! – (Ou Simplesmente, NÃO fazer figuras!) ou correr... A única coisa que me surgia na cabeça (para além de estar atrasadíssima para o comboio!) era EU vista de fora. E então ria... (e isso é que é pena. Mas será? A resposta está nas razões por que rimos de nós próprios...).
Mas então pensei: “Olha, que se lixe! Mais vale esfolar-me toda e morrer depois sabendo que dei o máximo, do que relaxar, perder o comboio (!) e viver com o remorso depois” (got it? ;) ). E penso que isto é o que se deve levar na Mala de Viagem – que afinal nem precisa dos 20 kg, só mesmo de vivências essenciais! ;) – que quem não arrisca não petisca, e que a única coisa que nos arrependemos na vida foi aquilo que não tentámos, aquilo que não vivemos – o resto ficou feito e sabemos no que deu. O problema é mesmo quando não sabemos se, esforçando-nos só mais um pouquinho!, apanharíamos o comboio ou não...

1 comentário:

Dário disse...

Todos nós que pensamos um pouco mais na nossa propria existencia reparou que afinal o que nos angustia mais é o facto d nada termos feito, em contraste com o que está feito e sabemos o q daí adveio...
lindo