desconfio de mulheres que põem em causa o seu bem-estar pessoal por amor a uma causa. olho-as de soslaio, desconfiada, interrogativa, curiosa. não posso deixar de lhes tentar imaginar as entranhas: de que fibra serão feitas? percorro-lhes as feições e os movimentos. percorro-lhes as palavras e os silêncios. percorro-lhes os jeitos e as acções. sempre à procura de respostas. de que fibra serão feitas? não sei. desconfio das suas intenções egoístas, das suas vontades mesquinhas, dos seus interesses menores. não creio que os tenham. creio que são incapazes de fazerem da sua existência uma existência simples, individualizada, minada por interesses regulares e padronizados. que mulheres assim são bem capazes de meter a família em segundo plano, e a vontade de calçar o sapato da moda em nonagésimo terceiro. porque, enfim, desconfio que mulheres destas serão capazes de tudo, menos de egoísmos. que serão capazes de deixar morrer distante o homem que amam sem lhe dar um último beijo, só porque receiam ver morrer o amor primeiro. capazes de viver apartadas dos filhos que lhe nasceram do corpo, só porque amam também os dos outros. capazes de viver aprisionadas, só porque têm uma mente livre.
só porque amam um povo. uma pátria. e uma democracia: a verdadeira.
(enfim dada um pouco de voz a quem tem gritado silenciosamente há pelo menos 20 anos.)
7 comentários:
"BATALHÃO DISCIPLINAR 999" (Konsalik, Circulo de Leitores)
Página 112:
"[...] Meu querido Ernsti: Esta é a quinta carta que te escrevo: a quinta de uma série de cartas que nunca meterei no correio. Existem raparigas que tem um diário; se lhes perguntarem por que razão o fazem, responderão que anotam impressões e factos para seu divertimento. Mas, se são um pouco mais inteligentes do que a média, dizem que procuram arrumar um pouco as suas ideias e pôr a claro os seus sentimentos. Para cada uma delas um diário deveria ser um fim em si mesmo; porém isto não acontece. Na verdade, cada linha que escrevem é dedicada a alguém. Nem sempre se trata de um determinado rapaz, mas antes do príncipe que esperam, aquele que chegará um dia para as levar a um reino encantado onde poderão encontrar um amor imenso como o mar. [...]"
Página 190:
"[...] Ainda há pouco, senti-me, por um momento, muito orgulhosa. Comecei a pensar com satisfação que tudo o que faço é muito. E disse para comigo que isto só o pode ousar uma mulher capaz de amar com indómita energia. Quase me senti como uma pequena heroína. Ou uma grande? Vês? Também em situações como estas, querido, não nos podemos libertar daquelas fraquezas ou daqueles sentimentos que nos acompanham durante a nossa vida. Depois, mais tarde, interroguei-me quantas pessoas são boas por vaidade, só para poderem dizer a si mesmas, ou ouvir do outros, que se portam bem, ou que realizaram uma acção generosa. Perguntei-me quanta vaidade e quanto egoísmo se escondem no homem que, digamos assim, realizou um gesto heróico que, de fora, pode parecer uma dedicação completa de si mesmo e a negação do instinto e necessário egoísmo ou espírito de conservação. [...]"
[last lines]
John Milton: Vanity, definitely my favorite sin.
(http://www.imdb.com/title/tt0118971/quotes?item=qt0358211)
VIDEO: https://youtu.be/qGXvj2BjZLA <- The Devil's Advocate (1997): "Vanity, definitely my favorite sin..."
"Muitos caminhos vão dar a Roma..."
"[...] solitary confinement
[...]
Despite the fact that I have been in “normal detention” for six years now—which means that the cell is open for two and a half hours every weekday and five and half every weekend, so that I can meet other prisoners—I still prefer to limit my interactions to one or two prisoners at a time in specific circumstances, since situations with more people around me present too many stimuli for me to handle. Those who must live alone too much for so long, learn to accommodate themselves to such circumstances, in such a way that certain mechanisms also assume an independent reality.
Thus, a reduced capacity to absorb what someone is saying, or the ability to concentrate on face-to-face conversations only, are part of those problems.
[...]
Thomas Meyer-Falk, c/o JVA (Sicherungsverwahrungs-Abteilung), Hermann-Herder-Str. 8, D-79104 Freiburg, Deutschland/Germany [...]"
FULL TEXT: http://www.freedom-for-thomas.de/thomas/texte2/knast/Xa9trGFdYG.shtml
Mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas ...
... apesar de todos os múltiplos defeitos inerentes ...
... tente-se!
"[...] capazes de viver apartadas dos filhos que lhe nasceram do corpo, só porque amam também os dos outros [...]"
Mas também...
http://observador.pt/2014/11/18/a-incrivel-saga-da-mae-holandesa-que-foi-sozinha-resgatar-a-filha-ao-estado-islamico/ <- A incrível saga da mãe holandesa que foi sozinha resgatar a filha ao Estado Islâmico. Ignorando os avisos da polícia, Monique vestiu uma burca, viajou sozinha até Raqqa, a auto-proclamada capital do Estado Islâmico, e conseguiu resgatar a filha, de 19 anos. ...
VIDEO: https://youtu.be/1d2ml82lc7s?t=31m19s <- father (David Emerson) and mother (Mary Cochran Emerson) of dead pilot (Bing Emerson) (in Hearts and Minds (1974)). Concord, Massachusetts. Filmed Early in 1973.
VIDEO: https://youtu.be/1d2ml82lc7s?t=1h32m58s
Este excerto marcou-me. A tremenda dignidade e a brutal dor que claramente pesa sobre tudo. Que noção da responsabilidade que as decisões carregam. Brutalmente, brutalmente esmagador. E que dignidade a destes pais.
Partiu-me mesmo o coração. Como enfrentar uma perda assim? Fingimos?
"[...] “Acabámos por descobrir que esta busca e esta espera é aquilo que todos procuramos, uma alegria e uma felicidade que são muito fugazes”, defende Carla Maciel. E a ideia pode ser apenas essa: a de que a felicidade pode durar apenas o tempo de uma dança. Em Baile, tudo se esfuma.
Uma ficção
Por trás destes quadros sonhados ou fantasiados está, naturalmente, e de uma forma intuída, o mundo em todo o seu esplendor de maldade, perversidade ou mera – passe o pleonasmo – mundanidade. Tendo partido de um imaginário de cabarés ou teatros como refúgio de cenários de guerra, o entretenimento é assumido como medida meio desesperada de manutenção de sanidade e fuga ao horror. É, por assim dizer, um lugar para a humanidade estar a salvo da humanidade. “E é mesmo uma ficção, como se entrar em palco fosse uma ficção”, diz Sara Carinhas. [...]"
TEXTO INTEGRAL: http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/fim-de-festa-no-salao-de-baile-1706571 [04/09/2015]
Battle of the Bulge (World War II) Dec. 16, 1944 – Jan. 25, 1945
VIDEO: https://youtu.be/oj3HrvJW8SM?t=31s <- "[...] And then came the Bulge, which you know of... [...]"
VIDEO: https://youtu.be/SGr3RoTduJI <- "American Experience" The Battle of the Bulge: World War II's Deadliest Battle (1994)
"[...] It was the biggest and bloodiest single battle American soldiers ever fought -- one in which nearly 80,000 Americans were killed, maimed, or captured. Packed with extraordinary newsreel and Army footage, Battle of the Bulge captures the action on the battle's frontlines and the strategy behind the scenes. [...]"
in http://www.pbs.org/wgbh/americanexperience/films/bulge/
Enviar um comentário