sexta-feira, abril 27, 2012

reminiscências (iv)


abri a carta das finanças. tra la la tra la la oficiosamente tra la obstar la la não desobriga la tra. artigo tal e tal, com a sigla e a lei, etc tra la. no meio de 346 palavrinhas e artigos e etc percebi que o que tinha a fazer era ir amanhã à loja do cidadão para perceber o que afinal querem eles.


(esclareci-me. que não espantará haver tanto devedor, mau pagador, tanto imposto por pagar e situação por regularizar em Portugal enquanto a linguagem para estabelecer contacto for esta. eu quase que adivinho, imagino o esquema: há a primeira ideia: oh Zé, anda cá, tens que nos vir dizer que já não trabalhas no talho. mas, ah, não!, não se pode dizer assim, directamente, não! então e as maneiras? e a palavrinha complexa do dicionário? não, há que complicar a coisa e dizê-lo em muitos parágrafos e com muitos enfeites. e não é chegar directamente à mensagem! há que estabelecer o labirinto, entontecer uma pessoa com tanta volta, invocar o suspense e fazer o coração praticar o bac final. Vossa Excelência é notificada para o exercício do direito de audição... e a partir daqui chapam-se 7 parágrafos gratuitamente. 
eu muito sinceramente preferia ser tratada por tu mas que me dissessem na cara o que tinham a dizer. em vez de me andarem a embrulhar o cérebro e a gastar dinheiro no papel. é que nem é o problema da cortesia, que ninguém peca por ela. mas custam-me quando as coisas são somente ocas, sem sumo. custam-me as aparências quando servem para dar o trabalho de se andar a desembrulhar depois.)


(há qualquer coisa de muito errada na comunicação entre o povo e os seus governantes.)

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