quinta-feira, julho 24, 2008

Evolução?

Direitos humanos. Tenho um saco de questões acerca destes direitos: de onde vêm? onde surgem? a quem se aplicam? devemos impô-los como verdade absoluta? são o estado último das coisas? é para onde evoluímos – para uma liberdade individual?

Disseram-me que não é uma questão de impor. Que forçar as coisas não funciona – as coisas revoltam-se e acabam por seguir outras direcções, direcções que só empatam e atrasam o caminho último. Que é preciso respeitar os tempos de evolução de cada nação. Que todos caminhamos para lá. Que acabamos por lá chegar. Que os direitos humanos, os direitos atribuídos aos seres humanos e que lhes permitem o livre arbítrio, que a emergência desses direitos irá acontecer mais cedo ou mais tarde em todas as nações.

(deve ser como a ideia de deus. o nosso cérebro caminha em determinadas direcções e não há como fugir-lhe. estranha liberdade esta, a liberdade programada.)

Penso nisto. Em como as pessoas começam. E se tornam agrestes. Egoístas. Em como as pessoas acabam por apaziguar ao longo da vida. Em como as pessoas têm diferentes tempos para achar esta paz e esse respeito pelo próximo. Em como uns lá chegam mais cedo. Em como outros só quando o fim de tudo se aproxima a galope. Em como outros já vão tarde, e outros nem fazem planos de chegar.

Sim, disseram-me que não devemos impor, que os oprimidos serão livres um dia, quando as nações, uma por uma evoluírem o suficiente. Quando as outras nações chegarem ao ponto em que nós, ocidentais, nos encontramos. Que elas lá chegarão nesse dia.

(calculo que esse dia seja numa medida de tempo indefinido, claro. afinal, também atribuímos o direito às diferenças individuais – onde deve estar incluída as diferenças na velocidade de evolução.)

Pena é que, enquanto uns chegam e outros não a esta meta que concebemos, muitos inocentes morram pelo meio sem sentir no peito o que é isso de ter direito à liberdade.

(P.S.: eu muito sinceramente ainda não encontrei resposta finita para as perguntas do início. mas o Karl Popper escreveu uma vez que, para permitir a tolerância, tínhamos que ser intolerantes numa só coisa: para com a intolerância.)

2 comentários:

Filipa Júlio disse...

é engraçado como se parte da noção de que o conceito de evolução é, necessaria e inevitavelmente, positivo.
para mim, este conceito não é assim tão intrinseca e indubitavelmente bom.
tantos advérbios de modo para resumir a minha posição a:
"fuck the progress".
e essa é que é essa. ou aquela, tanto faz.

menina de porcelana disse...

exacto.
evolução pelo dicionário (como já deves estar farta de repetir lol ;) ) é passar a um nível ou estádio de desenvolvimento superior. em termos práticos, e não querendo saber patavina do nível de inteligência em que me encontro, significa simplesmente avançar. ora isto não contêm em si necessariamente nenhuma valência. podemos avançar para algo positivo ou para algo negativo. os humanos avançam para a suprema consciência das coisas. e olha que não sei se isso é bom... (o Fernando pessoa dizia que queria a inconsciência, acho que pensar faz "doer" a cabeça...)

digo-te sinceramente que no momento em que me encontro, evoluir será um dia poder montar uma hortinha e viver dela, feliz e contente, com a natureza de chapa.