Tinha 14 anos quando me perdi. O pensamento concreto de até então deu o salto e tornou-se (i)lógico, com todos os caminhos em aberto. E fiquei eu no meio das escolhas
e dos escolhos
de tudo o resto que ficou, simplíssimo, para trás.
Catorze anos de um mundo certo, pensando que havia uma idade para tudo. Depois, caí, e percebi
Que a idade não interessa,
que somos bichos eternos
em luta com as escolhas.
Que as escolhas podem ser mal feitas?
Podem, mas que só aprendemos assim – julgamos as próximas, com as anteriores.
E se aprendemos mal, julgaremos mal (óbvio…).
Que o homem não é naturalmente bom sr. Rosseau, nem sequer naturalmente. Que é uma mistela de tanta coisa que anda por aí, e que tentar compreendê-lo e aplicar-lhe uma equação certa que o desvende é estourar a cabeça em mil pedacinhos loucos e estridentes.
Que é tudo uma incerteza
um conjunto de escolhas disparatado
aleatório,
irresoluto,
como quem joga num euromilhões sem sorteio.
Como quem ganha sem saber
E depois morre.
(tanta coisa que fica por saber…)
Que a velhice virá um dia,
E a sabedoria com ela.
Que não sei se a sabedoria chegará com ela, sem ela, se chegará seja com quem for.
Que não há sabedoria –
Há uma e excessivas formas de ver a vida
(e depois há os conformistas e os inconformistas
e todos os outros nos intervalos infinitesimais
que as aceitam ou não.
Ou que decidem ficar no meio e nos meios, porque não há um mas vários
porque nunca há nada que seja uno e simples!)
Que a matemática é um sonho e não bate certo com nada.
(que quanto mais penso
mais esfolo o sossego, mais estripo o equilíbrio.)
Que só a Ceifeira é feliz quando canta.
Mas que os 14 anos dela não a devem ter atirado ao chão...
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