Diz-me que tudo vai ficar bem. Que o mundo é como o imaginámos e tudo será certo quanto a chuva no Inverno e o sol no Verão.
Diz-me que o dia é para viver e a noite para sonhar, e que quando morremos a vida foi vivida e a noite sonhada.
Diz-me que é só da minha cabeça, e que estes bichos que me aparecem são pesadelos de menina assustada. Pesadelos sem tempo nem lugar – porque a noite é para sonhar e a vida para viver.
Diz-me que as coisas são simples, e que não há que pensar. E que quando escolhemos, escolhemos certo.
Diz-me que a paz chega quando somos livres, e que as angústias desaparecem quando fazemos o que sentimos. Quando sentimos o que fazemos.
Diz-me que o céu é azul e que apenas se encarniça ao final da tarde. Diz-me que morrerei de velha e que os filhos virão quando eu os quiser ter.
Diz-me que as coisas são como as queremos, e que aquilo que queremos é claro como um dia de sol, transparente como a água de um ribeiro.
Diz-me que quando crescemos, ainda vemos o mundo através dos olhos de um menino. E que mesmo que mintamos aos outros, nunca mentimos a nós próprios.
Diz-me que as dúvidas não existem – que são apenas bichos que inventamos. Porque a vida é simples e o caminho é só um.
Diz-me que não sou eu que escolho o caminho. Que temos um destino e não o pudemos mudar.
Diz-me que esse destino que me foi dado estava quebrado à partida. E que eu não o posso consertar.
Diz-me que a culpa é de Deus que nos espera na esquina. Ou do Diabo que se esconde por entre campos de Açucenas. Diz que não é nossa nem minha. Ou apenas que não é minha…
Diz-me que sou eu que tenho medo de tudo e de nada. Que sou eu que penso e invento. Que sou eu que complico, mas que afinal não é nada.
Diz-me o que quer que seja, mas sossega-me o espírito.
Pois se nada é certo neste mundo, como viver feliz sem ter a certeza de nada?
19.07.07; 30.09.07; 04.12.07
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