Entrar num café repleto de gente, num desses Largos da Baixa de qualquer Cidade. Sentar-se numa mesa estrategicamente colocada onde possamos estar no centro das vias de comunicação. Deixar-se impregnar profundamente de todos os pedidos e de todo o barulho que nos cerca. Depois de alguns instantes sem destrinçar frases perfeitas, ouvir atenciosamente cada nota do barulho ou cada anotar do empregado.
Abrir o Livro e pousá-lo no rebordo da mesa mais perto de nós. Segurar com uma mão ambas as páginas que, por forças desconhecidas da Natureza, tentam encerrar só consigo as palavras mágicas. Prestar atenção a todo o barulho em volta e no quão difícil seria fazer uma leitura descansada, se porventura nos apetecesse ler um livro no meio de um café da Baixa.
Então, desligar de tudo o resto, pois a História falará por si: “Há anos que trabalho na Unesco (…) e ainda conservo (…) uma notável capacidade de abstracção.”
VER & LER Júlio Cortázar (1973). Histórias de famas e de cronópios. Editorial Estampa.
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