Mas afinal… não encontraram as botas ou não encontraram Judas?
(já me veio à cabeça mais que uma vez esta questão, à qual é fulcral dar resposta para depois não ficarmos na dúvida cada vez que vemos a não-referida publicidade)
"The range of what we think and do is limited by what we fail to notice. And because we fail to notice that we fail to notice there is little we can do to change until we notice how failing to notice shapes our thoughts and deeds." (Ronald D. Laing)
segunda-feira, outubro 29, 2007
Vender maçãs
Eu: Tem maçã reineta?
Ela: Não… Mas olhe que se é por causa dos diabetes qualquer maçã dá!
(note-se a forma simples como ela contornou a questão de não ter reinetas... Eu tentei notar nessa forma simples, mas também não consegui. Fiquei logo esmagada por aquela desconcertante capacidade de adivinhação...)
Eu: Mas eu prefiro maçã reineta…
Ela: Mas também tenho bravo esmolfe, não quer?
(note-se o perfeito ignorar dos termos "Eu prefiro".)
Eu: Não, obrigado. É que para assar é melhor a reineta.
Ela: Ah, então…
(note-se como a minha sugestão culinária a deixou então sem argumentos...)
(Porque é que não podemos simplesmente comprar maçãs?)
Ela: Não… Mas olhe que se é por causa dos diabetes qualquer maçã dá!
(note-se a forma simples como ela contornou a questão de não ter reinetas... Eu tentei notar nessa forma simples, mas também não consegui. Fiquei logo esmagada por aquela desconcertante capacidade de adivinhação...)
Eu: Mas eu prefiro maçã reineta…
Ela: Mas também tenho bravo esmolfe, não quer?
(note-se o perfeito ignorar dos termos "Eu prefiro".)
Eu: Não, obrigado. É que para assar é melhor a reineta.
Ela: Ah, então…
(note-se como a minha sugestão culinária a deixou então sem argumentos...)
(Porque é que não podemos simplesmente comprar maçãs?)
segunda-feira, outubro 15, 2007
Punhos cerrados
Não sou perfeita não. Ou pelo menos não faço sempre como gostaria de fazer. Se damos um passo em falso, um passo a mais, erramos. E depois? Somos humanos, #$§&@#! O problema surge quando esse passo é dado diante de um abismo…
Há coisas no passado que nos perseguem… coisas que fizemos e que não poderemos nunca mudar. Coisas que nos acorrentam e angustiam… e consomem… Porque as fizemos. Porque não as deixámos de fazer.
Por isso controlem-se, expludam para dentro, morram de contenção, enlouqueçam. Mas não exteriorizem. Afinal, porque deixar os outros ver-nos na merda, a perder o balanço, desvairados?
“Sou rei das palavras que guardo comigo, e escravo daquelas que deixo escapar”. Acima de tudo, encerrem nos vossos punhos os murros enlouquecidos. Decerto viverão muito melhor e parecerão aos outros muito mais felizes. Perfeitos, talvez.
:/
(Pois não é nesta aparente aparência que se baseia a mórbida inveja alheia... de quem não se dá ao trabalho de conhecer o que ficou encerrado?)
Há coisas no passado que nos perseguem… coisas que fizemos e que não poderemos nunca mudar. Coisas que nos acorrentam e angustiam… e consomem… Porque as fizemos. Porque não as deixámos de fazer.
Por isso controlem-se, expludam para dentro, morram de contenção, enlouqueçam. Mas não exteriorizem. Afinal, porque deixar os outros ver-nos na merda, a perder o balanço, desvairados?
“Sou rei das palavras que guardo comigo, e escravo daquelas que deixo escapar”. Acima de tudo, encerrem nos vossos punhos os murros enlouquecidos. Decerto viverão muito melhor e parecerão aos outros muito mais felizes. Perfeitos, talvez.
:/
(Pois não é nesta aparente aparência que se baseia a mórbida inveja alheia... de quem não se dá ao trabalho de conhecer o que ficou encerrado?)
segunda-feira, outubro 01, 2007
Instruções para ler um Livro de Julio Cortázar.
Entrar num café repleto de gente, num desses Largos da Baixa de qualquer Cidade. Sentar-se numa mesa estrategicamente colocada onde possamos estar no centro das vias de comunicação. Deixar-se impregnar profundamente de todos os pedidos e de todo o barulho que nos cerca. Depois de alguns instantes sem destrinçar frases perfeitas, ouvir atenciosamente cada nota do barulho ou cada anotar do empregado.
Abrir o Livro e pousá-lo no rebordo da mesa mais perto de nós. Segurar com uma mão ambas as páginas que, por forças desconhecidas da Natureza, tentam encerrar só consigo as palavras mágicas. Prestar atenção a todo o barulho em volta e no quão difícil seria fazer uma leitura descansada, se porventura nos apetecesse ler um livro no meio de um café da Baixa.
Então, desligar de tudo o resto, pois a História falará por si: “Há anos que trabalho na Unesco (…) e ainda conservo (…) uma notável capacidade de abstracção.”
VER & LER Júlio Cortázar (1973). Histórias de famas e de cronópios. Editorial Estampa.
Abrir o Livro e pousá-lo no rebordo da mesa mais perto de nós. Segurar com uma mão ambas as páginas que, por forças desconhecidas da Natureza, tentam encerrar só consigo as palavras mágicas. Prestar atenção a todo o barulho em volta e no quão difícil seria fazer uma leitura descansada, se porventura nos apetecesse ler um livro no meio de um café da Baixa.
Então, desligar de tudo o resto, pois a História falará por si: “Há anos que trabalho na Unesco (…) e ainda conservo (…) uma notável capacidade de abstracção.”
VER & LER Júlio Cortázar (1973). Histórias de famas e de cronópios. Editorial Estampa.
O Ciclo Mediático (I)
Santana Lopes abandona entrevista em primeira-mão. Sobejam já os vídeos na Internet, os comentários nos jornais, as fotos na primeira página. As palavras de Santana Lopes recusaram-se a serem interrompidas pela Notícia-Especial-e-em-Directo de que um treinador de futebol acabara de chegar ao aeroporto de Lisboa.
Pensei eu que realmente é preciso ter tomates para decidir reclamar em directo. Sim senhor, Pedro Santana Lopes. Continue assim. Já toda a gente o conhece. Pode ser que agora passem a admirá-lo por simplesmente decidir não ser hipócrita.
A manchete correu o país. Ainda não sei de opiniões mas calculo que nos próximos dias tenhamos notícias dos partidários e os vejamos defender a sua ideia num apaixonado Prós e Contras. Mais, tenho por certo que, após o primeiro choque atarantado dos nossos agentes informativos, uma outra entrevista terá sido imediatamente interrompida para noticiar Em-Directo-Especialíssimo que o Sr. Santana decidiu interromper a entrevista.
Pensei eu que realmente é preciso ter tomates para decidir reclamar em directo. Sim senhor, Pedro Santana Lopes. Continue assim. Já toda a gente o conhece. Pode ser que agora passem a admirá-lo por simplesmente decidir não ser hipócrita.
A manchete correu o país. Ainda não sei de opiniões mas calculo que nos próximos dias tenhamos notícias dos partidários e os vejamos defender a sua ideia num apaixonado Prós e Contras. Mais, tenho por certo que, após o primeiro choque atarantado dos nossos agentes informativos, uma outra entrevista terá sido imediatamente interrompida para noticiar Em-Directo-Especialíssimo que o Sr. Santana decidiu interromper a entrevista.
O Ciclo Mediático (II) ou A Outra Entrevista Voluntária e Inesperadamente Interrompida
Notícia-Especial-e-em-Directo:
José Mourinho recusa-se a continuar entrevista à porta de sua casa após a inesperada interrupção para noticiar Em-Directo-Especialíssimo que o Sr. Pedro Santana Lopes decidiu interromper a entrevista.
José Mourinho recusa-se a continuar entrevista à porta de sua casa após a inesperada interrupção para noticiar Em-Directo-Especialíssimo que o Sr. Pedro Santana Lopes decidiu interromper a entrevista.
Alpha beta Dog's death
Eu sonhei que o meu irmão amigo me abria a porta e que, como tudo o que de rompante dá voltas à nossa vida, eu era raptado pelos amigos dele. Tinha 15 anos – o corpo nos plenos sentidos. Foram os melhores dias da minha vida. Vivi tudo intensamente. Conheci miúdas, fumei erva, bebi a goles.
Experimentei tudo o que há para ver, fazer e sentir. Só não me lembro de ter acordado.
Experimentei tudo o que há para ver, fazer e sentir. Só não me lembro de ter acordado.
P.s.: Fiesta!, até morrer.
06.09.2007A verdadeira decadência humana
Não sei se hei-de começar pelas provas que nunca são exactas, se pelas lágrimas dos arguidos ou pelas crenças do povinho.
Não sei se hei-de invocar uma Joana sorridente e estraçalhada, se uma Maddie desaparecida por culpados a decapitar…
Nem sei se a minha intuição vale de algo, ou se é apenas uma esperança de que este mundo não seja a merda que tenho medo que seja.
Não sei se me assuste com o que as pessoas fazem, se com o que elas julgam ser possível fazer.
Não sei se ainda há escrúpulos neste mundo, ou se decisões mais simples a tomar.
Não sei se há muitos Johnnies Truelove por aí, ou se eu sou apenas o puto de 15 anos que nem fugiu dos carrascos e acreditou que as mordaças eram postas por quem não lhe faria “nunca nunca nunca” mal algum…
Talvez o destino um dia me leve para um beco e me rasgue como papel cor-de rosa.
Talvez eu pense que as manchas encarniçadas são apenas beijinhos estonteantes, já que a minha cabeça está tonta…
…e o carrasco impiedoso. - Talvez me aperceba tarde de mais. Mas pergunto-me se o destino demoraria mais tempo a chegar se eu começasse a acreditar que este mundo não tem salvação?
Setembro 2007
Não sei se hei-de invocar uma Joana sorridente e estraçalhada, se uma Maddie desaparecida por culpados a decapitar…
Nem sei se a minha intuição vale de algo, ou se é apenas uma esperança de que este mundo não seja a merda que tenho medo que seja.
Não sei se me assuste com o que as pessoas fazem, se com o que elas julgam ser possível fazer.
Não sei se ainda há escrúpulos neste mundo, ou se decisões mais simples a tomar.
Não sei se há muitos Johnnies Truelove por aí, ou se eu sou apenas o puto de 15 anos que nem fugiu dos carrascos e acreditou que as mordaças eram postas por quem não lhe faria “nunca nunca nunca” mal algum…
Talvez o destino um dia me leve para um beco e me rasgue como papel cor-de rosa.
Talvez eu pense que as manchas encarniçadas são apenas beijinhos estonteantes, já que a minha cabeça está tonta…
…e o carrasco impiedoso. - Talvez me aperceba tarde de mais. Mas pergunto-me se o destino demoraria mais tempo a chegar se eu começasse a acreditar que este mundo não tem salvação?
Setembro 2007
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