Sou daquelas que acredita que se nos lembrássemos dos primeiros momentos da nossa vinda ao mundo, andávamos para aí ainda meio esgrouviados, só com o choque da primeira vez… Não que tivéssemos consciência das coisas, mas elas podiam marcar-nos cá dentro, sem que disso déssemos conta. ( - e então nunca mais quiséssemos enfiar a cabeça numa coisa daquelas!...).
Digo que se tivéssemos estruturas na altura com capacidade para reter aqueles momentos… o que seria de nós hoje! ;)
É fantástico talvez pensar que tanto do que vemos – ou vimos –, apesar de não lembrarmos, continua lá. E que pode em tanto influenciar o que somos e o que fazemos.
Não quero ser linear, nem dizer que somos determinados pelo meio. Não. O meio é construído por nós. A única coisas que distingo aqui é que essa construção pode ser tanto explícita e consciente, como implícita e inconsciente. Porque também temos um Eu que desconhecemos e que afinal até explica – mesmo sem sabermos direito… – porque reagimos assim daquela tal vez, ou porque chorámos naquela palavra, ou porque…
Dizem (queria dar uma referência, mas não fui exaustiva…) que a redundância é que dá sentido às coisas, e que a aprendizagem se faz sobre a repetição. Mas o mundo é tão vasto e é tanta a informação que nos persegue, que nem sempre conseguimos ter mão em tudo. E é então que entram em marcha os outros bichinhos… aqueles a quem nem pedimos ajuda, mas que nos guardam o guarda-chuva quando nem nos lembramos que o deixámos para trás.
A única coisa no meio disto… é que o que tem de bom, também pode ter de mau… e às vezes quem dá a chapada na amiga não foi o Eu que perdoou, mas aquele que guardou as coisas…
30.01.2007 15:40
"The range of what we think and do is limited by what we fail to notice. And because we fail to notice that we fail to notice there is little we can do to change until we notice how failing to notice shapes our thoughts and deeds." (Ronald D. Laing)
terça-feira, janeiro 30, 2007
quinta-feira, janeiro 11, 2007
Ela canta, pobre ceifeira
Estou farta de me queixar!
E se eu simplesmente não pensasse?
Um conselho? (para mim ou para ti?)
“Go confidently in the direction of your dreams. Live the life you have imagined.” (Henry David Thoreau)
E é não pensar mais nisso.
12:53 11.01.2007
E se eu simplesmente não pensasse?
Um conselho? (para mim ou para ti?)
“Go confidently in the direction of your dreams. Live the life you have imagined.” (Henry David Thoreau)
E é não pensar mais nisso.
12:53 11.01.2007
quinta-feira, janeiro 04, 2007
Mudanças
Como tudo na vida, o que custa é mudar. Depois é deixar ir no embalo.
E como Ano Novo, Vida Nova, talvez seja tempo de eu mudar também. Pelo menos a forma como olho para as coisas, ou a forma como olho para a forma como olho as coisas... ;)
Pelo menos, também mudar um pouco o formato do Blog... estou a pensar torná-lo mais... mais... mais... instrutivo??? Vamos a ver, vamos a ver! (como diz o meu primito David ;)* )
Bom Ano! :)
E como Ano Novo, Vida Nova, talvez seja tempo de eu mudar também. Pelo menos a forma como olho para as coisas, ou a forma como olho para a forma como olho as coisas... ;)
Pelo menos, também mudar um pouco o formato do Blog... estou a pensar torná-lo mais... mais... mais... instrutivo??? Vamos a ver, vamos a ver! (como diz o meu primito David ;)* )
Bom Ano! :)
Febre
[O outro dia descobri um texto que lá tinha no meio da minha desarrumação... e lembrei-me como adorava aquela febre...]
Lembro-me do escuro à volta, e das fórmulas na frente, como se tudo fosse fácil e tivesse um só caminho. Ou muitos, mas definidos nos números finitos da matemática – até o infinito se encerra sobre si.
Lembro-me da cabeça a arder em febre e do teste no dia seguinte. E, ali, parecia que era só eu e aquele livro e aquela luz.
Quando tudo parecia fácil. Quando tudo era fácil e as coisas a aprender termináveis.
Não sei porquê, estudar com febre foi sempre um acaso favorito. Talvez porque aí o mundo parecesse tão circunscrito, e a vontade – de fazer outra coisa qualquer – pesada e distante. Então, enrolada sobre mim naquele sofá, eram equações e rectas e funções. E o mundo das pessoas consumia-se no calor da febre, no escuro da sala para além da luz.
Depois, a minha mãe chamava para jantar, e era pescada cozida com batata cenoura couve e azeite, e a luz branca daquela cozinha despertava para o lar que conhecia.
Agora já não há febre nem ardor. Só cansaço. Já não há peixe na cozinha à espera, nem a brancura de um lar onde somos crianças e tudo parece perfeito.
Há a distância de 35 minutos curtos e infindáveis para uma terra que nunca acolhi. E a distância que cresce nessa linha de ferro, nesses montes intermináveis e indiferentes.
Mamã, onde estás tu Mamã?... Quando te afasto e resmungo, somente porque me acometi à impaciência. Somente porque te adoro e não sei mostrar…
Queima-me esta febre, este egocentrismo, e esta desistência.
Queima-se o passado que não volta, mesmo quando agora a febre aparece...
pois já só é para consumir mais um pedaço de mim.
17:41 19:55
22 Outubro 2006
Lembro-me do escuro à volta, e das fórmulas na frente, como se tudo fosse fácil e tivesse um só caminho. Ou muitos, mas definidos nos números finitos da matemática – até o infinito se encerra sobre si.
Lembro-me da cabeça a arder em febre e do teste no dia seguinte. E, ali, parecia que era só eu e aquele livro e aquela luz.
Quando tudo parecia fácil. Quando tudo era fácil e as coisas a aprender termináveis.
Não sei porquê, estudar com febre foi sempre um acaso favorito. Talvez porque aí o mundo parecesse tão circunscrito, e a vontade – de fazer outra coisa qualquer – pesada e distante. Então, enrolada sobre mim naquele sofá, eram equações e rectas e funções. E o mundo das pessoas consumia-se no calor da febre, no escuro da sala para além da luz.
Depois, a minha mãe chamava para jantar, e era pescada cozida com batata cenoura couve e azeite, e a luz branca daquela cozinha despertava para o lar que conhecia.
Agora já não há febre nem ardor. Só cansaço. Já não há peixe na cozinha à espera, nem a brancura de um lar onde somos crianças e tudo parece perfeito.
Há a distância de 35 minutos curtos e infindáveis para uma terra que nunca acolhi. E a distância que cresce nessa linha de ferro, nesses montes intermináveis e indiferentes.
Mamã, onde estás tu Mamã?... Quando te afasto e resmungo, somente porque me acometi à impaciência. Somente porque te adoro e não sei mostrar…
Queima-me esta febre, este egocentrismo, e esta desistência.
Queima-se o passado que não volta, mesmo quando agora a febre aparece...
pois já só é para consumir mais um pedaço de mim.
17:41 19:55
22 Outubro 2006
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