nunca se falou opinou escreveu gritou argumentou assentiu tanto por vontade própria.
nem nunca foi tanta a liberdade de expressão, tanta a expressão da vontade, do "eu quero",
do "eu posso e mando e faço". do "eu, a mim, agora, não me apetece".
mudos só se forem mesmo os tempos, ensurdecidos pela peixaria das vontades.
(o trocadilho é uma coisa engraçada. é. mas, desprovido do contexto, acaba por se perder na troca. e depois é a velha questão: as leis universais já raramente abarcam a flexibilidade acrobática do quotidiano. quanto mais quando são subvertidas.)
2 comentários:
tudo começou quando o comentador político foi eleito arauto do povo.
peço desculpa, não te percebi Filipa... o comentador político? eleito para arauto do povo? poderá sim ter sido. mas não pelo povo. o povo elegeu-se a ele mesmo, gosta de trazer as coisas para a praça pública. e falar sobre elas. opinar sobre elas. e faz muito bem: é a falar que a gente se entende. o problema é quando se fala do que não se sabe. porque nunca se sabe tudo. o problema é quando se fala antes de pensar mas, pior que isso, não há preocupação em pensar depois de falar.
o problema é quando, engraçadas que são, e bem encaixadinhas e com um sentido lógico, se dão as coisas a comer como se fossem a verdade. e, perante tal segurança da palavra, tal lógica da composição, a gente estarrece, cala, e come.
não te percebi mas acho que o problema não é o comentador político, é sim o nosso modo impulsivo de funcionar.
(cada vez mais acho isto tudo demasiado relativo...)
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