domingo, novembro 08, 2009

talvez também as segundas-feiras.


anoitece rápido. caminho até casa a ressentir a falta de uma noite bem dormida. ouve-se o silêncio por entre as folhas das árvores. nada. ouve-se um carro a rodar sobre a estrada molhada. nada. ouvem-se passos, alguém que empurra a porta e chega a casa. alguém que faz o último passeio de fim de semana. nada. se calho a entrever a Baixa, há um ou outro marmanjo pelas esquinas, à porta do único café aberto e já aquecido pelo álcool que não lhe deixa distinguir os dias. de resto, nada. há talvez um ou outro observador, disperso, a rondar as montras, a rondar os pensamentos (assustam-me esses, porque reparam em nós). mais nada.

vou para casa. no caminho breve, ouve-se o chiar do vento gélido pelas ruas. ouve-se também, de tempos a tempos, o rolar das malinhas de viagem na calçada. não apetece fazer nada. toda a realidade parece outra. escura e triste. fico eu e as ruas, sós.

(não há nada mais deprimente que um domingo de inverno ao anoitecer.)


Sem comentários: