Vou contar a história de uma mosquinha. Aliás, da parva de uma mosquinha! Era uma mosquinha muito parola, sejamos sinceros, que as histórias são contadas como as queremos contar.
Parola então. Esta mosquinha era muito tímida e tinha medo de muita coisa. Acima de tudo, tinha medo que os outros não gostassem dela assim. Porque todas as outras mosquinhas eram umas verdadeiras chatas – como é suposto serem visto que esse é o seu papel – e andavam sempre a voar e a poisar em coisas nojentas. Mas esta mosquinha era muito pipi e muito medrosa, e não fazia nada disso. Nem voava porque tinha medo de cair.
Ora acontece que, como esta mosquinha era muito parada, e até parecia que nem tinha personalidade própria, tal era o seu medo de dizer o que achava – calava tudo e remoía para dentro (Até ao dia em que deixou de saber o que queria...) – começaram a chamar-lhe de Mosquinha Morta.
Assim, como não vivia, tinha muito tempo para pensar. E então, sem nada mais interessante para fazer – como por exemplo, poisar na merda e outros afins – punha-se a antecipar as situações e a ver crescer o seu medo. Ah! E gostava também de se oferecer para as piores tarefas – tipo ir buscar coisas deliciosas e podres a tapetinhos colantes, ou a gaiolas gigantes com umas luzes azuis giras! talvez os outros gostassem mais dela se ela lhes fizesse as coisas que não lhes apetecia fazer... Talvez notassem mais na sua existência, nem que fosse apenas quando precisassem. Ela supostamente não se importava. Sentia-se útil! Então, para que os outros não se chateassem, pisava-se a si própria com as muitas patinhas que tinha.
Mas, como pensava tanto, começou a perceber, que afinal as coisas até lhe faziam diferença. Só que, como era uma parola e uma medrosa, não tinha coragem de dizer as coisas, não fossem as outras Moscas Vivas estranhar o facto de ela não se limitar aos papéis chatos! Então calava-se e não discutia nas horas de maior calor, nem exigia o seu pedacinho de merda. Afinal, dizia ela consigo, fazer as coisas chatas também é uma boa merda...
E a parola da mosquinha ía cedendo, porque a coitadinha (ai tão coitadinha!...) não tinha coragem suficiente para arranjar problemas. Bah... E então não complicava.
Claro que um dia, quando as outras mosquinhas todas chateavam o pessoal, se divertiam à brava e tinham o melhor da vida, a parvinha começou a remoer tudo: porque é que ela havia de ser diferente? Ninguém a tinha subjugado! Porque é que ela, parva, se oferecia para as piores coisas?
E o saquinho que trazia lá dentro há muito tempo foi enchendo, e – adivinhe-se – rebentou! Exactamente no meio do festim, quando ninguém esperava que rebentasse. E então aí soou muito muito mal. Porque já ninguém estava à espera que aquela mosquinha – que decidiu adoptar o papel de mosquinha-morta – mexesse a pata e a asa, e voasse!
Pois é, que raio de história. O melhor é ficar por aqui. É que, não sei se compreendem mas, já tresanda...
Parola então. Esta mosquinha era muito tímida e tinha medo de muita coisa. Acima de tudo, tinha medo que os outros não gostassem dela assim. Porque todas as outras mosquinhas eram umas verdadeiras chatas – como é suposto serem visto que esse é o seu papel – e andavam sempre a voar e a poisar em coisas nojentas. Mas esta mosquinha era muito pipi e muito medrosa, e não fazia nada disso. Nem voava porque tinha medo de cair.
Ora acontece que, como esta mosquinha era muito parada, e até parecia que nem tinha personalidade própria, tal era o seu medo de dizer o que achava – calava tudo e remoía para dentro (Até ao dia em que deixou de saber o que queria...) – começaram a chamar-lhe de Mosquinha Morta.
Assim, como não vivia, tinha muito tempo para pensar. E então, sem nada mais interessante para fazer – como por exemplo, poisar na merda e outros afins – punha-se a antecipar as situações e a ver crescer o seu medo. Ah! E gostava também de se oferecer para as piores tarefas – tipo ir buscar coisas deliciosas e podres a tapetinhos colantes, ou a gaiolas gigantes com umas luzes azuis giras! talvez os outros gostassem mais dela se ela lhes fizesse as coisas que não lhes apetecia fazer... Talvez notassem mais na sua existência, nem que fosse apenas quando precisassem. Ela supostamente não se importava. Sentia-se útil! Então, para que os outros não se chateassem, pisava-se a si própria com as muitas patinhas que tinha.
Mas, como pensava tanto, começou a perceber, que afinal as coisas até lhe faziam diferença. Só que, como era uma parola e uma medrosa, não tinha coragem de dizer as coisas, não fossem as outras Moscas Vivas estranhar o facto de ela não se limitar aos papéis chatos! Então calava-se e não discutia nas horas de maior calor, nem exigia o seu pedacinho de merda. Afinal, dizia ela consigo, fazer as coisas chatas também é uma boa merda...
E a parola da mosquinha ía cedendo, porque a coitadinha (ai tão coitadinha!...) não tinha coragem suficiente para arranjar problemas. Bah... E então não complicava.
Claro que um dia, quando as outras mosquinhas todas chateavam o pessoal, se divertiam à brava e tinham o melhor da vida, a parvinha começou a remoer tudo: porque é que ela havia de ser diferente? Ninguém a tinha subjugado! Porque é que ela, parva, se oferecia para as piores coisas?
E o saquinho que trazia lá dentro há muito tempo foi enchendo, e – adivinhe-se – rebentou! Exactamente no meio do festim, quando ninguém esperava que rebentasse. E então aí soou muito muito mal. Porque já ninguém estava à espera que aquela mosquinha – que decidiu adoptar o papel de mosquinha-morta – mexesse a pata e a asa, e voasse!
Pois é, que raio de história. O melhor é ficar por aqui. É que, não sei se compreendem mas, já tresanda...