sexta-feira, maio 22, 2009

Eleições (ganha o mote mais fatalista)


os mms, movimento mérito e sociedade, afirmam veementemente que "se nada fizermos nada acontece". parei. arregalei os olhos e pensei: serei eu capaz de parar este mundo? depois, surpreendida pelas buzinadelas, desci novamente à terra e acabei de atravessar a passadeira. balelas é o que é. e passo a desconstruir:
(a) primeiro, 'se' 'nada fizermos': difícil de definir 'nada'. mas ainda mais difícil é definir 'fazer nada'. se eu me sentar numa mesa de café e ficar a olhar para o 'nada', a pensar que estou a 'fazer nada', ainda assim estou sentado à mesa do café. e o mesmo acontece se ficar eternamente trancado na casa de banho, ou de molho na cama. feliz ou infelizmente, o simples facto de existir implica fazer algo, nem que seja atravancar.
(c) depois, 'nada acontece': hm. nada acontece?!?! mas em que mundo vive esta gente? se os acontecimentos espacio-temporais estivessem à minha espera para acontecerem, estaria já eu velha e caquética, para não dizer completamente chupada, e plenamente aborrecida por ter de andar a acompanhar o mundo há biliões de anos. não, oh senhores, quer façamos ou não, as coisas 'acontecem'. se eu me sentar no café e 'nada fizer', daí a algumas horinhas terei a senhora a dizer-me que está na hora de fechar, a desejar-me a boa noite e a tentar, contida e educadamente, pôr-me dali para fora. se eu 'nada continuar a fazer', logo logo darei azo à perda da paciência e serei a chatice da noite, o porquê de se chamar a polícia, e a estória do dia seguinte que, por certo, mudará a vida de imensa gente. e ficar na cama, por portas e travessas, vai dar ao mesmo. porquê? porque 'nada acontecer' não é uma perspectiva viável num mundo em que o relógio não pára. nem muito menos espera por aqueles que decidem parar.

(as pessoas, na procura desesperada de motes para encher a alma e a motivação às gentes, acabam por soltar frases vazias, plenas de 'nada'. como assim 'nada acontece'??? se 'nada fizermos' o que é provável é que as coisas 'não aconteçam' da forma como queríamos que acontecessem. mas, e se fizermos??? a política, e nao só, está cheia de exemplos de gente que decide, em vez de 'fazer nada', 'fazer asneira'. e de facto, infelizmente, 'algo' acontece.)

quinta-feira, maio 21, 2009

Portas


II

caminhamos. montamos a tenda. progredimos. construímos a casa. deixamos entrar. organizamos o espaço. aborrecemo-nos. saímos. voltamos a entrar. expulsamos. reorganizamos o espaço. uma, outra e outra vez. de tempos a tempos. todos os dias. que raio? olhamos para trás. sentimos a rajada na face. percebemos enfim.

(unfinished business são como portas abertas por onde entra o vento. e não há maneira de arrumar a casa. portanto, das duas uma: ou calamos o vento, ou fechamos a porta.)

 

quarta-feira, maio 20, 2009

Portas


I





















ando a bater à porta dos sonhos, e a pedir num desassossego que me deixem entrar.
- está aberta, entra!
hm.
agora que posso, agora que tenho a permissão para,
será que quero?

(irrita-me, sim irrita-me. confesso que me irrita, e Pro-Fun-Da-Men-Te!, o facto de ter-que questionar tudo. quem me vir assim, abananada pela vida, até diz que o meu problema é não saber o que quero. hm. pois.)

         
    

quarta-feira, maio 13, 2009

Desculpas


I
Tempo. 24 horas. 1440 minutos. 86400 segundos, fora as imprecisões. Tanto tempo, se formos a pensar que podemos demorar apenas uns quantos milisegundos a formar um pensamento. Não me perguntem porquê mas de facto não consigo arranjar tempo, no meio de tanto tempo, para escrever um post. Porquê?

(pronto. desculpa [esfarrapada] número 1 para não actualizar o blogue [quase] há séculos.)

II
Limites cognitivos, i.e. Burrice pura. Os posts escrevem-se quando pensamos em algo razoável (ou não) que queremos partilhar com os outros. Ora eu, sinceramente, nos últimos tempos sinto-me limitada cognitivamente para pensar, decentemente, no que quer que seja. E daí que ande a resistir à partilha de opiniões desconexas com os outros.

(desculpa número 2 para não actualizar o blogue há séculos. e também aquela que espero que explique este post…)

III
Ser livre para partilhar o vazio que habita a minha cabeça, e as ideias disconexas. E, a propósito do 25 de Abril, Liberdade é querer escrever um post e mandar tudo para o ar e escrever o post. Mas: Eu sou, supostamente, uma menina adulta e responsável (sou? hm). Não posso, sem-mais-nem-menos, deitar tudo para o ar e escrever o post (não?). Não. Raios. Pelo que me parece, a liberdade é uma função exclusiva. Isto é, ou temos a liberdade, ou temos o resto. Não podemos é ter ambos. E, visto que este mundo nos exige, a partir de uma certa idadezinha (não me perguntem é qual), umas quantas responsabilidades – que serão, infelizmente, quase a totalidade do resto – o que acontece à liberdade é triste: empurrada borda fora. Que raio de liberdade é esta que quer tudo e não nos deixa ser livres para ter o resto também? Nestes termos, a liberdade torna-se inconsistente e, por isso, uma tanga. Logo, não tenho liberdade, principalmente para escrever acerca do vazio que habita a minha cabeça, e das ideias disconexas que o tentam - impossivelmente - conectar.

(desculpa número 3, e a mais [des]idealista, para não actualizar o blogue há séculos.)


p.s.: Estou com medo, confesso. Aconteceu-me o mesmo com o Diário: de um momento para o outro pensei Já não tenho paciência para isto. E encerrei o caderno. Ou isso, ou estou numa Fase (uuuuuui!): a porcelana está a precisar de uns reparos, de uns reforçozinhos aqui e ali (fragilzinha, hem?… ui ui!). A precisar de tempo. E voltamos ao ciclo das desculpas.